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sábado, 29 de junho de 2013

Denunciando a hipocrisia e desmontando a “benesse”

Barroso calculou em 4,5 biliões o dinheiro europeu dado à banca. Para os jovens há uma migalha disso.
Filipe Paiva Cardoso
Em Agosto de 2012, Durão Barroso, num artigo de opinião publicado em jornais por toda a Europa, calculou em 4,5 biliões de euros - perto de 28 vezes o PIB de Portugal - o total de ajudas da Comissão Europeia à banca: "Temos de acabar com o círculo vicioso no qual o dinheiro dos contribuintes - mais de 4,5 biliões de euros (5,7 biliões de dólares) até agora - é utilizado para resgatar bancos."
Assumindo este valor como a factura até ao momento cobrada aos contribuintes pelas sucessivas ajudas à banca - de Agosto de 2012 até hoje já vários outros milhões foram postos à disposição -, então conseguimos olhar de outra perspectiva para o programa de apoio ao desemprego jovem agora anunciado em Bruxelas: o combate ao drama dos quase 6.000.000 de jovens sem emprego na Europa vai ser feito com uma verba que equivale a 0,1777% do total de ajudas concedidas à banca até Agosto de 2012.
Este contraste, porém, não se circunscreve ao valor, já que se para os bancos a ajuda foi disponibilizada rapidamente - incorrendo talvez por isso num valor altíssimo, que ficou longe de evitar a crise -, para os jovens o programa surge 3 anos depois da explosão da crise e com uma verba ridícula face ao que os contribuintes deram à banca.
1.400 euros por desempregado (900 para portugueses)
Há outras duas formas de desmistificar a dimensão deste investimento contra o desemprego jovem. A começar pela sua distribuição: dos 6.000 milhões de euros que serão disponibilizados já em 2014 e 2015, Portugal vai receber apenas 150 milhões de euros, 2,5% do total, portanto - a distribuição do bolo será decidida por região e não por país, com todas as regiões com mais de 25% de desemprego jovem contempladas e a dividir a verba.
Pelas contas aos dados do Eurostat, há 112 regiões entre os 27 com uma taxa de desemprego jovem acima dos 25%, pelo que ao distribuir o bolo por região Bruxelas está a penalizar os países mais pequenos: veja-se por exemplo que por esta métrica França vai ter 13 regiões apoiadas, contra as 7 que serão ajudadas em Portugal, apesar de o desemprego jovem em terras francesas estar nos 25%, contra os mais de 40% em Portugal.
Uma outra forma de mostrar a real dimensão deste apoio europeu ao desemprego jovem encontra-se no seu orçamento por desempregado com 25 anos ou menos: com 5.700.000 de jovens desempregados na União Europeia a 27, os 8.000 milhões de euros de máximo que será dedicado a este programa correspondem à disponibilização de 1.400 euros por cada um dos jovens europeus sem emprego.
"Se a Europa quiser de forma séria evitar ter uma geração perdida de jovens desempregados, tem de actuar rapidamente com medidas bem mais potentes que este simples esquema de garantia para os jovens", disse sobre o projecto europeu Andre Sapir, economista do think tank europeu Bruegel.
Por fim, voltando aos bancos e para circunscrever de novo a real dimensão do apoio aos jovens desempregados, note-se que a verba que toda a Europa vai investir para inverter a tendência de explosão do desemprego nos seus jovens é igual ao valor que só os contribuintes portugueses já foram chamados a injectar na banca: 6.000 milhões de euros.
Outra análise, numa outra perspetiva e relativamente a Portugal:

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