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sábado, 9 de março de 2013

Tanto silêncio sobre a Grécia… Terá havido tréguas?

Manifestação na Greve Geral de 20 de fevereiro
No passado sábado, um jornal grego publicou um email da Comissão Europeia para os seus representantes, com uma lista de medidas de segurança a adotar nas visitas ao país. À semelhança do que acontece em Portugal, onde ministros têm sido sucessivamente interpelados durante as suas aparições públicas, a contestação na Grécia vai subindo de tom, e  esta fuga de informação vem demonstrar isso mesmo: o risco que representantes políticos enfrentam perante a fúria grega.
Os alvos são mais ou menos os mesmos que figuram nos cartazes das manifestações portuguesas: políticos, representantes da Comissão Europeia, do BCE e do FMI. 
Segundo o Wall Street Journal, o mail, que contém uma estimativa sobre o número de mortos nas manifestações que se avizinham neste mês, sugere aos membros do staff da comissão que inventem uma história de vida e evitem despertar comportamentos violentos. Além das dicas de segurança sobre como se proteger durante uma manifestação, são aconselhados a deixar no hotel documentos pessoais sensíveis quando vão ao restaurante ou a um bar. "Até a reação mais ligeira pode ser mal interpretada", lê-se no mail.
Se tiver de apanhar um táxi para o hotel, exemplifica o documento, "ou falar com o dono da loja na rua em frente, eles não precisam de saber que trabalha para a Comissão Europeia". "Se perguntarem alguma coisa, fale sobre o seu antigo trabalho, sobre o seu melhor amigo."
O documento, publicado originalmente no site To Vima, não esclarece a forma como foi obtido. A Comissão Europeia já veio desmentir parte do conteúdo do email, mas confirmou a autenticidade dos conselhos a adotar na Grécia. "Temos o dever de zelar pela segurança dos nossos funcionários. Trata-se de conselhos normais para quem viaja. As recomendações foram discutidas com a polícia grega", justificou o porta-voz.

Bem sabemos que o que não vem nos media não “existe”, mas não deixa de acontecer. É intrigante e preocupante que o direito à liberdade de expressão, tão exigido por jornalistas e cidadãos de direito, permita o silêncio e a omissão, neste caso da Grécia, porque tudo que lá se passa terá reflexo retardado na nossa sociedade, o que nos leva a pensar numa estratégia subconsciente de não incitar os portugueses a seguirem a mesma tática.
E se por cá se diz que “nós não somos a Grécia”, uns “cabeças” estrangeiros continuam a persistir nas analogias…
(in)Felizmente, os mesmos efeitos tem as mesmas causas, mesmo em sociologia, independentemente de qualquer relação concertada. Por isso mais gente (do sistema) fala do cansaço e stresse dos portugueses em relação à austeridade, por saber, mesmo não sendo noticiado por cá (mas basta procurar na imprensa estrangeira), que os gregos não baixaram os braços e continuam, como cá, mas com violência, a lutar por ter esperança no futuro, porque se não resistirem, nem sequer terão futuro…
O email da Comissão Europeia, que por este andar obrigará os membros da troika a viver na clandestinidade, é sintomático de que quem deve (respeito) teme (desrespeito)…
Mas se cá se faz (a imolação de um povo) cá se paga (com a mesma moeda)…

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