Manifestação na Greve Geral de 20 de fevereiro |
No passado sábado, um jornal grego publicou um email da Comissão Europeia para os seus representantes, com uma lista de medidas de segurança a adotar nas visitas ao país. À semelhança do que acontece em Portugal, onde ministros têm sido sucessivamente interpelados durante as suas aparições públicas, a contestação na Grécia vai subindo de tom, e esta fuga de informação vem demonstrar isso mesmo: o risco que representantes políticos enfrentam perante a fúria grega.
Os alvos são mais ou menos os mesmos que figuram nos cartazes das manifestações portuguesas: políticos, representantes da Comissão Europeia, do BCE e do FMI.
Segundo o Wall Street Journal, o mail, que contém uma estimativa sobre o número de mortos nas manifestações que se avizinham neste mês, sugere aos membros do staff da comissão que inventem uma história de vida e evitem despertar comportamentos violentos. Além das dicas de segurança sobre como se proteger durante uma manifestação, são aconselhados a deixar no hotel documentos pessoais sensíveis quando vão ao restaurante ou a um bar. "Até a reação mais ligeira pode ser mal interpretada", lê-se no mail.
Se tiver de apanhar um táxi para o hotel, exemplifica o documento, "ou falar com o dono da loja na rua em frente, eles não precisam de saber que trabalha para a Comissão Europeia". "Se perguntarem alguma coisa, fale sobre o seu antigo trabalho, sobre o seu melhor amigo."
O documento, publicado originalmente no site To Vima, não esclarece a forma como foi obtido. A Comissão Europeia já veio desmentir parte do conteúdo do email, mas confirmou a autenticidade dos conselhos a adotar na Grécia. "Temos o dever de zelar pela segurança dos nossos funcionários. Trata-se de conselhos normais para quem viaja. As recomendações foram discutidas com a polícia grega", justificou o porta-voz.
Bem sabemos que o que não vem nos media não “existe”, mas não deixa de acontecer. É intrigante e preocupante que o direito à liberdade de expressão, tão exigido por jornalistas e cidadãos de direito, permita o silêncio e a omissão, neste caso da Grécia, porque tudo que lá se passa terá reflexo retardado na nossa sociedade, o que nos leva a pensar numa estratégia subconsciente de não incitar os portugueses a seguirem a mesma tática.
E se por cá se diz que “nós não somos a Grécia”, uns “cabeças” estrangeiros continuam a persistir nas analogias…
(in)Felizmente, os mesmos efeitos tem as mesmas causas, mesmo em sociologia, independentemente de qualquer relação concertada. Por isso mais gente (do sistema) fala do cansaço e stresse dos portugueses em relação à austeridade, por saber, mesmo não sendo noticiado por cá (mas basta procurar na imprensa estrangeira), que os gregos não baixaram os braços e continuam, como cá, mas com violência, a lutar por ter esperança no futuro, porque se não resistirem, nem sequer terão futuro…
O email da Comissão Europeia, que por este andar obrigará os membros da troika a viver na clandestinidade, é sintomático de que quem deve (respeito) teme (desrespeito)…
Mas se cá se faz (a imolação de um povo) cá se paga (com a mesma moeda)…
Sem comentários:
Enviar um comentário