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terça-feira, 26 de março de 2013

Quem muito mama, ainda chora…

Um estudo do Bundesbank (banco central alemão) revelou que os espanhóis são 1/3 mais ricos do que os alemães. Os dados foram revelados pelo diário alemão Frankfurter Allgemeine, e o espanhol El Mundo não apreciou o tom das comparações e aproveitou para publicar um texto algo provocador, onde chega a perguntar: “pobres alemães! Deveríamos resgatá-los?”
Segundo o diário alemão, o estudo revela que na Alemanha o património (dinheiro, bens imóveis e automóveis depois de descontar as dívidas) dos alemães ronda, em média, os 195.000 euros, enquanto em Espanha é de 285.000 euros.
O texto do El Mundo, que denota alguma insatisfação, considera que, por exemplo, os bens imóveis que possuem, valem menos 30% hoje em dia, e que nunca os conseguiriam vender a um preço real de mercado. Depois, criticam o estudo por esquecer que os bens pertencem, na realidade, aos bancos e não às pessoas. Os espanhóis demoram em média 27 anos a pagar os seus empréstimos. Segundo o diário espanhol, 82% dos espanhóis vivem em casa própria, enquanto apenas 44% dos alemães o pode dizer, ou seja, não pagam um empréstimo, pagam uma renda de aluguer, o que desvirtua a “perceção de riqueza” segundo o diário espanhol.
Em negrito, o jornal espanhol lembra que “estar endividado não significa ser rico”. Pode ler-se ainda que se começa a vislumbrar cada vez mais o fosso entre os ricos e pobres e que as ajudas às famílias alemãs é bem diferente. “Segundo dados do Instituto de Política Familiar, uma família espanhola necessitaria ter 15 filhos e ganhar menos de 35.620 euros ao ano para desfrutar das mesmas ajudas que recebe uma família alemã com 2 filhos independentemente do seu salário”, assim termina do El Mundo.
Sabemos agora que somos mais ricos que os alemães, mas não nos tínhamos dado conta. Que distraídos! Foi preciso vir o Bundesbank descobrir que somos, não um pouquinho mais ricos, mas 1/3 mais ricos que os alemães. E não se refere à riqueza cultural, artística ou ao meio ambiente, áreas em que caberia uma discussão sensata, mas ao património contante e sonante.
Pobres alemães! Deveríamos resgatá-los?

Os detalhes deste inteligente cálculo são publicados hoje pelo diário 'Frankfurter Allgemeine', que se escandaliza pelo conteúdo do estudo do banco central alemão sobre o que informa e apostila: "a maioria dos alemães só pode sonhar com estas quantias".
Refere-se que "na Alemanha o património próprio (dinheiro, bens imóveis e automóveis depois de descontar as dívidas) se situa em média nos 195.000 euros, enquanto em Espanha esse dado alcança os 285.000 euros".
O estudo não comenta nada acerca da sobrevalorização sobre o papel dos nossos imóveis, que agora valeriam uma média de 30% menos do que quando os compramos e que, por outro lado, hoje não conseguiríamos colocar, seguramente, nem mesmo vendendo-os ao preço real de mercado, porque se ficou bastante difícil aceder a crédito para os comprar.
E nem sequer aparece detalhado na informação, que a maior parte desses imóveis não são exatamente nossos, mas dos bancos, já que são imóveis hipotecados que não nos pertencerão até cumprirmos com os pagamentos mensais das letras que nos chegam durante uma média de 27 anos.
Em honra da verdade, há que reconhecer que na Alemanha só 44% da população vive em casa própria, enquanto em Espanha a percentagem sobe até 82%.
O que a maioria dos alemães paga mensalmente não é a letra da hipoteca, mas o aluguer. Em troca dessa menor perceção de riqueza, essa sensação de que a casa em que vives não é tua, poupam-se os gastos de manutenção que envolvem toda a propriedade imobiliária e os impostos relativos.
Até há apenas um par de anos, em que ainda confiavam no euro, consideravam de facto a compra de uma casa como um mau negócio. O sacrossanto Bundesbank e o prestigioso Frankfurter Allgemeine deveriam ter incidido neste detalhe: como eles próprios apregoam sabiamente, estar endividado não significa, em absoluto, ser rico.
De acordo com os dados do Bundesbank, também, uma casa alemã tem em média 51.400 euros, contra os cerca de 178.000 euros que teriam em média as casas espanholas.
O mesmo estudo especifica as condições de desigualdade em ambos os países, o fosso que se abre cada vez mais entre ricos e pobres, que podem explicar este dado entre médias, mas esquece que com as respetivas quantidades de euros se pagam faturas mensais muito diferentes num e noutro país.
Que mais quereriam os espanhóis que o Estado lhes tirasse de cima, por exemplo, as faturas de dentista e de ortodontia das crianças, como na Alemanha. Ou receber à volta de 170 euros mensais por cada filho, ajuda universal à manutenção, que se recebe na Alemanha, só para citar um par de exemplos.
Segundo dados do Instituto de Política Familiar, uma família espanhola precisaria de ter 15 filhos e ganhar menos de 35.620 euros por ano para disfrutar das mesmas ajudas que recebe uma família alemã com 2 filhos, independentemente dos seus rendimentos. Não digo mais.

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