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segunda-feira, 25 de março de 2013

Algumas “bocas” do “nosso” Primeiro, Selassie e…

O chefe da missão do FMI, Abebe Selassie, diz que Portugal tem de continuar a garantir que o programa continua a ser cumprido e explicou que grande parte da discussão na 7.ª revisão girou em torno da redução da despesa pública.
Apesar de começarem a existir sinais de melhorias nas condições de financiamento às empresas, as pequenas e médias empresas continuam de fora.
Considera muito desapontante o facto de os preços da electricidade e das telecomunicações não terem descido e que esta questão é importante para garantir que os sacrifícios são repartidos de forma justa.
Admite que o aumento do desemprego foi "muito pior" que o esperado, e diz que a única forma duradoura de recuperar emprego é acabar o ajustamento o mais rápido possível.
Explicou, que as metas do défice foram revistas, "tanto quanto possível", para não criar mais recessão e desemprego e que esta missão foi "particularmente difícil".
A Comissão Política Nacional do CDS-PP manifestou "alguma preocupação" com a exequibilidade das metas orçamentais acordadas na 7.ª avaliação da troika, considerando que estas dependem muito da evolução económica europeia.
O secretário-geral do PS disse ter enviado uma carta à troika para garantir que “o PS honra os compromissos assumidos pelo Estado português”.
Dispensado filosofar sobre a legitimidade democrática deste(s) senhor(es), Selassie (e C.ª) e que nos entra de “fato preto” pela “loja” dentro para cobrar à força o que nos emprestaram de livre vontade (incentivando-nos), convém começarmos pela análise dos resultados obtidos com o programa desenhado pela equipa que chefia, cumprida pelo governo (para além do exigido) e que deu no que deu: caca, em todas as áreas em que mexeram, na nossa perspetiva, não na deles, seguramente, por muitas desculpas e “bocas” que lancem para os media, em época de desobriga…
Se os resultados foram negativos (com um erro colossal no coeficiente multiplicador), dizer-nos para continuar a garantir que o programa continue dentro dos mesmos carris, é gozar com o “tuga”, marimbando-se no que é política e no que é social.
Dizer-nos que a redução da despesa pública é o principal objetivo, sabendo já todos nós que isso significa mais cortes nos serviços obrigatórios do Estado (Social), redução de Funcionários Públicos e cortes nos salários dos mesmos, mais dos pensionistas, mesmo nos de mais baixas pensões, é gozar com o “tuga”, marimbando-se no que é política e no que é social.
Sabendo-se, por constatação, que as PME estão a ser implodidas, diariamente, por sufoco de tesouraria e recusa de crédito pelos bancos a quem pagamos todas as fraudes e calotes que fizeram, isto por estratégia da troika, é cinismo barato e é gozar com o “tuga”, marimbando-se no que é política e no que é social.
Dizer que as empresas exportadoras tem o apoio necessário, mas sabendo-se que as exportações estão a diminuir e se prevê maior descida, quando a troika considera ser a solução para minorar o impossível, é gozar com o “tuga”, marimbando-se no que é política e no que é social.
Só tem razão nesta crítica, que passa pela regulação do preço da eletricidade e das telecomunicações, assim como pela eliminação (não redução) das rendas excessivas, que poderiam facilitar a vida a todas as PME, mas retirariam “lucros” à EDP, que é uma empresa semiprivada e do Estado chinês, em que o governo faz de conta que mexe, mas não toca… Se a troika consegue obrigar o governo a lixar os fracos, por que não pode obrigá-lo a impor justiça para com os fortes? É gozar com o “tuga”, marimbando-se no que é política e no que é social.
Isto do desemprego é o maior pecado mortal que confessou, mas mentiu ao dizer que foi muito pior do que o esperado, (o que lhe retira o perdão e aumenta a penitência), não só porque o mesmo resultado acontecia na Grécia e na Espanha (e na zona euro), mas também porque aplicaram a equação do coeficiente multiplicador com o erro colossal, que lhes permitia prever este cataclismo. Mesmo que se pense que “foi sem querer”, sabemos que a ideologia que guia a troika aconselha esta prática, para mais facilmente atingirem os fins, seja a exploração que quem trabalha, seja a concentração de riqueza, seja a instabilidade emocional e social, para construírem uma sociedade ainda menos igual acrítica, através da psicologia do medo o do choque. Chorar “lágrimas de crocodilo” é gozar com o “tuga”, apostando no que é política e marimbando-se no que é social.
Dizer-nos que as metas do défice foram revistas para não criar mais recessão e desemprego, ao mesmo tempo que o governo nos anunciou mais recessão e mais desemprego, pela continuidade das medidas que deram origem à recessão e às taxas de desemprego, que foi muito maior do que a troika que comanda previa, é gozar com o “tuga”, apostando (disfarçadamente) no que é política e marimbando-se no que é social.
Tão incrédulos como nós, provavelmente mais incrédulo está o parceiro de governo, que sabendo o que se passou e o que lhe deu origem e sabedor das medidas que estão para chegar, é a prova de que Selassie está mesmo a gozar com o “tuga”, apostando no que é (a sua) política e marimbando-se no que é social.
Mas o CDS-PP não pode acompanhar no choro com “lágrimas de crocodilo” para não dar a entender que também ele está a gozar com o “tuga”, apostando apenas no que é política e retirando proventos dos malefícios sociais.
Mas estupefação é isto! Seguro, cá dentro pinta um quadro social neorrealista e lá fora jura dar continuidade aos compromissos com a troika, que nos diz que vai continuar tudo como dantes, para pior…
Hoje temos um governo que é forte com os fracos e fraco com os fortes. Iremos ter um governo que é forte com os fraquinhos deste governo e fraco com estes credores de carteira forte?
Podióóó explicar? Se não estarão também a gozar com o “tuga”, apostando no que é política com base no que é social…
É uma informação extraordinária, cujas consequências são imensas, mas que fazem falar muito menos do que as derivas patéticas de um ator célebre. Um relatório de 44 páginas assinadas por um economista-chefe do FMI, um francês, Olivier Blanchard. Diz ele, simplesmente, que as mais altas instâncias económicas mundiais e europeias implantaram, impondo, em nome da ciência, a austeridade em toda a Europa.

O que Olivier Blanchard diz é que o modelo matemático sobre o qual se apoiavam estas políticas visando uma desalavancagem radical e o retorno ao sagrado equilíbrio orçamental, comportavam um erro ao nível, cito, do multiplicador fiscal. Para simplificar muito, este modelo matemático, incontestável, previa que quando se retira um euro num orçamento, faltaria um euro no respetivo país. Ora, isto é falso. Por razões que tem a ver com uma realidade perfeitamente trivial, e que é que os homens são humanos, esta austeridade provocou reações coletivas que resultaram que este euro retirado provocou a perda de 3 euros nas respetivas sociedades.
Multiplique-se por milhares de milhões, e entenderemos por que a austeridade imposta a golpes de sabre pelas sábias troikas não conduziram senão a mais austeridade, mais desemprego e mais recessão.
A equação era falsa, o que é notável em si mesmo, sobretudo quando se pensa que no Mississípi, ou melhor, na Amazónia lições de austeridade perentória, emitidas a cada minuto, em todas as antenas, e em todos os jornais, por comentadores confiantes e dominadores.
Mas o mais incrível é em outra coisa.
É que tenha falhado a aperceber-se que algo estava errado numa equação para descobrir que algo não ia bem na realidade. Um pouco como se assistíssemos a acidentes de viação em cadeia e não dessemos o alerta de que um modelo matemático dizia que não eram acidentes.
Não se pode ir mais longe no triunfo da tecnocracia. Foi preciso que um perito encontrasse um problema com um coeficiente multiplicador para o que salta à vista seja percebida pelos nossos cérebros. A Europa está a ficar para trás, o seu desemprego bate recordes, o crescimento é reduzido, a pobreza instala-se, em breve o carro está na vala, mas pouco importa, não mudamos de política, pois é a única e que querer-se uma outra seria uma procura ignorante.
Os ignorantes saúdam-vos, mas os devotos da austeridade não baixaram as armas. A história da equação começa a andar, falou-se no telejornal da France 2, o L’Humanité mencionou-a, o Washington Post também, mas ela não faz ainda primeira página. É que nós não renunciamos de um dia para o outro a uma ideologia. Mesmo podres, os muros de Berlim não se desmoronam de um dia para o outro.

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