Ao pedir a Berlim para que contribua com mais recursos e garantias para ajudar a resolver a crise da zona euro, Cameron foi particularmente contundente a respeito da introdução de um imposto sobre transações financeiras – uma iniciativa que considerou “pura e simplesmente louca”.
O discurso que proferiu, continua o Financial Times, –
…refletiu a profunda frustração há muito sentida pelos representantes britânicos em relação à liderança da Alemanha à frente da zona da moeda única e fez apelo a uma barreira bastante mais forte para evitar o contágio dentro da zona euro e uma dívida soberana europeia comum e para que os países mais poderosos se empenhem na redução dos seus excedentes comerciais e os países em dificuldades tentem minorar os seus défices.
Entretanto, nota The Times, o primeiro ministro britânico vê-se envolvido numa “nova ronda de tensões além-Canal” com a França. Cameron e Boris Johnson, mayor de Londres, receiam que o socialista francês, François Hollande, provável vencedor nas próximas eleições presidenciais francesas, em maio, possa “deitar por terra o plano de recuperação económica da UE e destruir a City de Londres”, adianta o diário.
Num manifesto com 60 pontos, publicado a 26 de janeiro, Hollande “promete rasgar o tratado fiscal da UE, que será aprovado segunda-feira”, refere o diário londrino. Também escolheu a indústria financeira –
…para seu alvo principal, com a promessa de um agravamento de 15% nos impostos cobrados aos lucros bancários, a expulsão do mercado de instrumentos financeiros “tóxicos”, a proibição de opção de aquisição de ações, limites aos prémios e um imposto sobre “todas as transações financeiras”.
O mayor de Londres acusou Hollande de “vingança política de curto prazo”.
Agora que os britânicos se assumiram orgulhosamente como ilhéus dentro da UE, começa-se a perceber porque não pertencendo à eurozona botavam faladura oficialmente no assunto e porque pertencendo à União tinham uma política externa à parte…
Se não estão, nem nunca estiveram na zona do euro, por que quererão influenciar quem está dentro a ponto de considerarem loucura a introdução de um imposto sobre transações financeiras, que há tanto tempo tanta gente reclama como uma “ajuda” aos pobres bancos? Seriam eles que atrasavam a medida?
Se até agora aguentaram silenciosos a chefia usurpada de Merkel, por que só agora se rebelam? Por terem saído do barco e não poderem remar a favor da do seu destino?Mas afinal até parece que temem mais o candidato socialista francês, François Hollande, provavelmente o futuro presidente de França, por poder deitar por terra o plano de recuperação económica da UE (qual plano?), mas sobretudo por destruir a City de Londres, o covil de todos os especuladores, o que seria ótimo.
Mas se os analistas mais credíveis dizem que a crise tinha a ver com os governos socialistas (caíram todos), Cameron e o presidente da Câmara de Londres deveriam estar mais sossegados, pelo absurdo de tal vitória, tanto mais que a Sra. Merkel vai ajudar a apear Sarkozy, participando na sua campanha?
E se Hollande promete rasgar o tratado fiscal da UE, cozinhado por Merkozy (de quem eles não gostam) e se a indústria financeira vai ser o seu alvo principal, agravando em 15% os impostos sobre os lucros bancários, expulsando do mercado os produtos tóxicos, proibindo a opção de aquisição de ações, limitando os prémios e criando um imposto sobre todas as transações financeiras, tudo isso não é bom para acabar com as causas da especulação e atar os especuladores?
Pelos vistos, é bom para dominar a crise, mas é tão mau para eles, que até dizem que o socialista, que não vai vencer as eleições, está a projetar uma vingança política de curto prazo, o que quer dizer que para nós esse será o melhor caminho…
Quer dizer, que também os britânicos andavam a empatar e só agora saíram de cima da Sra. Merkel… Depois só falta ELA, mas há de ir dar uma volta, só de ida e as “coisas” resolver-se-ão, com gente mais séria e mais virada para os cidadãos europeus, sem tanta dor…
Insha’Allah!
Sem comentários:
Enviar um comentário