O ano chegou ao fim e este é o momento em que todos formulamos os nossos desejos para o ano seguinte. Para além dos tradicionais saúde, paz e alegria, que é habitual desejarmos aos nossos familiares e amigos, gostaria de terminar o ano 2011 com mais 3 desejos para 2012.
São 3 desejos que não serão apenas válidos para o próximo ano, mas sim para a década em que vivemos.
Inspirei-me nas palavras de José Luis Sampedro, renomado economista espanhol, que com a sabedoria dos seus 94 anos, tem sido um dos apoiantes do movimento de "Los indignados", em Espanha.
Chegou a hora de criarmos um futuro melhor. Todos nós sabemos disso. É preciso assumir essa consciência, essa vontade de mudança, para criarmos um mundo e uma sociedade sustentável. Por isso, o ano de 2012, o nosso futuro, tem de ser ético, ecológico e estético.
Comecemos pelo primeiro desejo - ético. A organização ‘Transparency International' edita todos os anos um estudo sobre o nível de corrupção por país. O mapa mundi deste estudo está colorido de tons avermelhados, numa imagem que nos mostra um claro subdesenvolvimento ético da nossa sociedade. Destacam-se pela positiva os países escandinavos, Singapura e Nova Zelândia, mas a grande maioria das outras nações apresenta elevados níveis de corrupção. A crise que vivemos atualmente não é apenas uma crise financeira. É acima de tudo uma crise ética. Recordemo-nos dos múltiplos escândalos que grassaram no setor financeiro nos últimos anos. Não há dúvida que para construirmos um mundo melhor precisamos de uma sociedade mais ética e transparente.
Sobre o ecológico, escrevi no último artigo de opinião (Insustentabilidade). Os resultados da Conferência do Clima (COP-17) em Durban parecem claramente insuficientes para abrandar a tendência das mudanças climáticas em marcha. Já se antecipa um aumento da temperatura média do Planeta de 3,5 graus celsius, em vez dos 2,0 graus, que os cientistas recomendaram como limite aceitável do aquecimento global. Acordar que em 2015 assumiremos compromissos de reduções de emissões para entrarem em vigor a partir de 2020, é uma atitute imprudente dos governantes mundiais, perante um problema que afectará inevitavelmente as atuais e futuras gerações. Em 2012, a Conferência Rio+20 será uma nova oportunidade para tratarmos este tema com o respeito e cuidado que ele merece, a tempo de evitarmos uma "falência ecológica".
Finalmente, queremos um 2012 mais estético. Acima de tudo referimo-nos à importância da educação e da cultura para uma refundação civilizacional (ética, social e política) e também dos movimentos artísticos, fundamentais para o desenvolvimento ideológico da nossa sociedade. Em períodos de crise há tendência para se considerar a arte como um desperdício. O ‘New Deal' de Roosevelt foi um bom exemplo do contrário, que nos pode inspirar para o momento presente. As artes floresceram na América dos anos 30 e revigoraram a nação, ajudando-a a sair da Grande Depressão.
Em 2012, celebra-se o ano de Portugal no Brasil e vice-versa. Esta será uma boa oportunidade para reforçarmos relações no espaço da lusofonia, reafirmando a centralidade da língua portuguesa no novo cenário mundial.
Se construirmos um 2012 mais ético, mais ecológico e mais estético, estaremos a construir um futuro mais sustentável. Estaremos a crescer em civilização e humanidade.
Excelente 2012 para todos!
Miguel Setas, VP de Distribuição e Inovação da EDP no Brasil
Um texto que vale a pena ser lido com toda a atenção!
ResponderEliminarFélix da Costa
ResponderEliminarÉ isso, mas são só desejos... Ninguém reage.