(per)Seguidores

sábado, 14 de janeiro de 2012

O humor faz o sábio, ou só o sábio é que faz humor?

O senso de humor é uma das qualidades mais admiradas numa pessoa, desde que seja natural e sincero, autêntico, como uma marca registada talvez. Tudo se transfigura quando existe alguém bem-humorado no ambiente. O bom humor e uma brincadeira agradável são suficientes para quebrar o gelo de um ambiente frio e sem graça. A pessoa bem-humorada é uma força da natureza que entretém e irradia de alegria quem quer que seja, onde esteja.
Não se trata de estar a rir à toa fingindo simpatia ou fazendo a política de boa vizinhança, mas viver naturalmente essa experiência de humor, de modo que seja uma sinergia entre você e todos à sua volta. Quando isso acontece, a sua presença enche de luz todo o ambiente e contagia todos. E verdade seja dita: É insuportável tolerar um ambiente sem humor, sem graça, sem risos e boas gargalhadas, sem vida.
Dizendo isto, como não lembrar o pensamento de Charles Chaplin: “Um dia sem riso é um dia perdido”. Não foi essa incrível sensação de humor que contagiou o Apóstolo Paulo na Prisão?! O Apóstolo, no meio de um caldeirão de adversidade por que passava, fruto da terrível perseguição que o Império Romano impôs aos cristãos, agradece a Deus pela diversão e recreação que recebeu de Onesíforo na prisão: “O Senhor conceda misericórdia à casa de Onesíforo, porque muitas vezes me recreou e não se envergonhou das minhas cadeias” (2Tm 1.16).
Vejam a realidade: a indignação pelo clima de impunidade que se espalha na política (brasileira); a indisposição de grande parte dos políticos, senão todos, em fazer valer a justiça social e coletiva; os ambientes públicos carregados de injustiças, perseguições políticas e corrupção; relações pessoais que não se acertam; casamentos cheios de problemas que se arrastam sem diálogo; amizades frias com inúmeros interesses; empregos rígidos e burocráticos; lideranças cansadas; chefes chatos; problemas económicos; dívidas; problemas de saúde; a rotina; baixos salários; desemprego... 
O que seria de nós sem um pouco de humor? Vinícius de Morais, numa de suas canções, diz-nos afirmativamente: “Ponha um pouco de humor na sua vida!”. E continua: “É melhor ser alegre que ser triste. A alegria é a melhor coisa que existe”. O bom humor é uma das saídas sábias da vida, além de que acrescenta leveza em vez de rigidez; alegria em vez de seriedade demais; graça em vez de ignorância; paz em vez de truculência.
Nada melhor do que uma boa dosagem de humor no nosso dia a dia. Fico a pensar o que seria de nós sem uma pitada de bom humor no trabalho, em casa ou até mesmo entre os amigos. Estaríamos todos fadados à burocracia da vida. Sim, a vida também, assim como o trabalho, pode ser levada com muita burocracia, chegando a ser insuportável às vezes, mas com muito humor o que é pesado torna-se leve, o que dá enfado torna-se agradável. O humor traz de volta o encanto e a beleza que os infortúnios da vida fizeram questão de sucumbir. Por mais difíceis que sejam as circunstâncias do momento, não há nada que justifique a ausência de bom humor para contornar ou superar todas elas.
Um filósofo clássico que viveu por volta do Séc. IV a.C. expressou a sua indignação pelo riso. O senso de humor é a marca registada desse filósofo, pois admitia que o riso torna o homem sábio. Conta a tradição que ria de tudo e dava grandes gargalhadas, o que não diminuía em nada a importância das suas pesquisas filosóficas a ponto de desafiar o próprio Platão. Tenho a impressão de que Demócrito com o seu bom humor nos tenha levado à sabedoria, mas os seus estudos da sensação levou-nos a Aristóteles.
Prof. Jackislandy M. de M. Silva
Cartoon recebido por mail

2 comentários: