(per)Seguidores

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Oh, gente da minha terra, agora é que eu percebi…

Hoje assinala-se o “Dia Nacional de Luta Contra a Paramiloidose”.
Esta doença neurológica rara e sem cura ocorre quando o fígado produz uma substância fibrilar insolúvel designada por amilóide, que se deposita nos tecidos.
Conhecida como “doença dos pezinhos”, manifesta-se entre os 25 e 35 anos, transmite-se por via genética e os sintomas são a perda de peso, de sensibilidade e estímulos, afectando os membros inferiores e superiores, causando perturbações no sistema digestivo e nervoso e problemas cardíacos.
O Tafamidis® será totalmente comparticipado, custando ao Estado cerca de 120 mil euros/doente por ano. O transplante de fígado fica em cerca de 400 mil euros. Só que os transplantados, na maioria dos casos, deixam de trabalhar ou recorrem com frequência à baixa médica, mas muitos morrem com outras complicações.
A França, Itália e Luxemburgo já estão a ministrar o Tafamidis® aos seus doentes. Recentemente, o secretário de Estado da Saúde disse que quem certifica o medicamento é a Agência Europeia de Avaliação de Medicamentos (EMA), e, só depois, poderá ser disponibilizado pelo SNS.
A Associação Portuguesa de Paramilodoise estima que Portugal tenha cerca de 2.000 pessoas com a doença, mas há mais 6.000 casos com gene mutante, mas sem manifestações clínicas da patologia. A cada ano, surgem 100 novos doentes em Portugal.
Dizia-se que a doença só existia na Póvoa de Varzim e numa freguesia do concelho e numa remota cidade do Japão, provavelmente levada por qualquer marinheiro poveiro. A emigração dos anos 70 e os casamentos entre poveiros e gente de outras terras alastraram a doença, nos dias de hoje, pela Europa e pelo mundo, o que originou um trabalho de investigação científica portuguesa de alto gabarito, desde o Dr. Corino de Andrade, até à Dra. Maria João Saraiva, investigadora da Universidade do Porto e distinguida pelo seu trabalho na área da Biomedicina, com o Prémio Gulbenkian Ciência 2009 e que está na origem dos novos fármacos.
Falando de memória, esta doença que persegue todos os poveiros desde a infância, ceifando pais de amigos e amigos e ameaçando todos, em tempos em que não havia diagnósticos, apenas a espera de não a ter, teve avanços significativos, mas não o bastante para que não houvesse necessidade de um “Dia Nacional de Luta Contra a Paramiloidose”. E como em todos os “Dias não sei de que”, também neste a realidade contraria as boas intenções…
A Paramiloidose (PAF) foi a única doença descoberta por um médico português nos tempos modernos, pelo Dr. Corino de Andrade em 1952 na Póvoa de Varzim, onde se situa o Centro de Estudos e Apoio à Paramiloidose.

2 comentários:

  1. E o presidente da dita ERS não se pronuncia? ou será que os doentes tambèm têm de fazer um seguro para se poderem tratar? Bem bem...

    ResponderEliminar
  2. maria
    Os paramiloidóticos morriam cedo, agora aguentam-se mais tempo, mas são uma minoria e como tal... não há seguro que os segure.

    ResponderEliminar