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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Cheers Bélgica! Um ano sem governo e tudo na maior!

A Bélgica completa nesta segunda-feira, 13, um ano sem conseguir formar governo após as eleições de 13 de junho de 2010, em que 2 partidos antagónicos – os soberanistas da Nova Aliança Flamenga (N-VA) e os socialistas francófonos do Partido Socialista (PS) – ganharam respectivamente, nas regiões norte (Flandres) e no sul (Valónia) do país.
Nenhuma das duas formações conseguiu maioria suficiente para governar sozinha: o N-VA obteve 27 cadeiras e o PS, 26 das 150 da Câmara de Representantes. Por isso, ambos estão obrigados a pactuar para a formação do novo Executivo.
A N-VA é partidária da cisão de Flandres e nega-se a falar sobre o governo antes de reformar o Estado. Isso daria uma maior competência às regiões, assunto ao qual são reticentes tanto o PS quanto a maioria dos partidos francófonos.
A Bélgica, onde sempre governaram coligações, está acostumada ao bloqueio no cenário político, mas nunca tinha sido regida durante tanto tempo por um Executivo interino com competências reduzidas, situação que representa uma ameaça à estabilidade e à economia do país.
Diante de uma situação que representa um autêntico recorde mundial e gerou protestos populares por todo o país, as principais formações políticas belgas estão de acordo em três coisas: a solução para a crise existe, embora não seja fácil; por enquanto a Bélgica não corre risco real de ficar dividida; e convocar novamente eleições antecipadas não resolveria nada.
A chave está em encontrar uma saída em que todos percam e ganhem o suficiente para a aceitar. No meio da troca de acusações, o líder dos socialistas francófonos, Elio di Rupo, que poderia transformar-se no próximo primeiro-ministro da Bélgica, trabalha em silêncio sobre uma proposta de compromisso que tire o país da crise, cuja apresentação está prevista para o fim do mês.
Batendo um recorde mundial nesta segunda-feira, 13, faz um ano que a Bélgica está com um governo de gestão e por isso, com competências reduzidas. Apesar de protestos populares (que por cá nunca tiveram eco) e de dizerem que a situação representa uma ameaça à estabilidade e à economia do país, nada consta a favor desta tese e a vida vai rolando, contra tudo que é norma e contra todos que a contestam.
Bem vistas as coisas, e na mesma perspetiva das principais formações políticas belgas, se:
  1. A solução para a crise existe, mas não é fácil;
  2. A Bélgica não corre risco real de ficar dividida, por enquanto e
  3. Convocar novamente eleições antecipadas não resolve nada…
É só esperar por melhores dias (que não seja dia 13) e encontrar a chave para uma saída em que todos percam e ganhem o suficiente para a aceitar essa saída.
A lógica lá funciona e parece que não tem medo das consequências, apesar das ameaças exteriores, até porque é lá que estão os centros de decisão da União Europeia, que lhes deve dar certas garantias para tanta resistência.
Entretanto:
O FMI deixou um aviso à Bélgica (a 4 de Abril passado) sobre as consequências negativas para a recuperação económica do país resultantes da ausência de Governo, que afirmou: “O impasse político dificulta a capacidade de formular políticas económicas e torna piores as vulnerabilidades pós-crise”.
“A economia belga está a recuperar gradualmente da contracção económica, mas as negociações políticas demoradas diminuíram as respostas a desafios importantes”, referiu a instituição.
Apesar de sublinhar a redução do défice externo belga de 6% em 2009 para 4,6% em 2010, acima do prometido, avisou que “o impasse político reduziu a confiança dos mercados na determinação do país em controlar a dívida pública”.
E como se vê, apesar de o FMI, há 2 meses já, ter sentenciado consequências negativas para a recuperação económica do país, pela ausência de um Governo legítimo, são os próprios a reconhecer que, mesmo nestas condições, a economia belga está a recuperar da contracção económica, reduzindo o défice externo de 6% em 2009 para 4,6% em 2010 e acima do prometido!
O que parece é que o êxito da Bélgica se deve exatamente às condições políticas em que está e se pode concluir (mesmo “demagogicamente”) que, a maioria dos governos é que estragam a vida dos cidadãos e dos países…
E para assustar com o papão dos mercados, vem o FMI dizer, contra a realidade constatada por eles próprios, que a confiança dos especuladores está reduzida por este impasse político, quod erat demonstrandum
É caso para dizer que esta é uma forma original de mandar os mercados às urtigas e os deixar sem estratégia, por não serem capazes de jogar sem apoios internos…
Afinal, a fraqueza (ao contrário da cobardia) defende-nos dos fortes…

4 comentários:

  1. Prova mais que provada que a trampa dos políticos não fazem falta. Faz falta quem é honesto e não olhe só pela vidinha.Mas cadê gente assim?

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  2. maria
    De facto, quer a gente queira, quer não, tem que acreditar que os governos a sério, só atrapalham e parece que ajudam a deitar os seus países abaixo. Ainda por cima, a Bélgica sofre uma ameaça de cisão e mesmo assim lá vão fazendo o seu papel, sem chatear o povo.

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  3. Olhe se uma coisa destas seria possível neste canto à beira-mar plantado. Seriam sete tigres a uma galinha!

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  4. maria
    Se fosse aqui, eram mais de 7. Lembra-se que há 20 administradores a ocupar 1.000 cargos em várias empresas? esses é que eram bons para ministros... 3, ou 4 formavam governo...

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