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quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Sem “golden share” ELES ganham e nós perdemos…

Activos portugueses vão ser integrados na operadora cuja sede será no Rio de Janeiro. GES e CGD com menos de 4% da nova empresa.
Depois de mudar o nome ao Pavilhão Atlântico e a uma estação de Metro em Lisboa, a PT mudou de nacionalidade e passou a ser brasileira.
A maioria dos accionistas portugueses da empresa foram lestos em aplaudir a integração dos activos da PT na operadora brasileira Oi - mais não seja porque viram as acções da PT valorizar quase 7%. Mas, do ponto de vista do retorno para a economia portuguesa - retenção de lucros, receita fiscal ou investimento no país - e do potencial a médio prazo para estes mesmos accionistas, está longe de ser certo que a aposta corra bem.
Accionistas da Oi ficam com 62%
O avanço da operação vai fazer com que o peso dos accionistas portugueses da PT fique muito diluído na nova empresa - por ora baptizada CorpCo. O bloco constituído por Grupo Espírito Santo (GES), Ongoing, Caixa Geral de Depósitos, Visabeira e Controlinveste, que hoje detém 31,39% da PT, deverão ver-se reduzido a uma fatia de 11,9% dos votos da nova empresa. O peso dos accionistas portugueses na tomada de decisões vai, assim, diminuir.
Dívidas comem dividendos
O grupo de investidores portugueses da PT, porém, já se habituou nos últimos anos a abdicar de ganhos em prol da aposta no Brasil - que levou a PT a pagar 3,6 mil milhões de euros por 25,6% da Oi. É que mesmo depois da injecção de 2,7 mil milhões de euros em dinheiro, prevista na fusão, a operadora terá uma dívida de 14 mil milhões de euros, culpa de um endividamento que já tem vindo a sair caro aos investidores da PT.
A Oi, para conseguir gerir a sua dívida, cortou a direito nos dividendos prometidos nos últimos anos, o que obrigou a PT a fazer o mesmo: em Agosto deste ano anunciou um corte de 77% nos lucros que iria distribuir pelos accionistas. Só o bloco de investidores portugueses, que contava receber 246 milhões de euros, teve que se contentar com 56 milhões.
Mas o cenário vai piorar. Zeinal Bava revelou ontem que a nova operadora irá pagar nos próximos anos 500 milhões de reais [166 milhões de euros] em dividendos. Este valor, dividido pela nova participação dos accionistas portugueses, vai diminuir ainda mais a fatia a que têm direito. Irão receber 19,7 milhões - valor que compara com os 56,2 milhões anunciados para este ano. Ora, se os accionistas portugueses recebem menos dividendos também a economia portuguesa sofre directa e indirectamente - menos dividendo resulta num menor encaixe fiscal para o Estado, mas também em menos liquidez disponível para GES, Ongoing, Visabeira, CGD ou Controlinveste tornarem as suas próprias contas mais saudáveis.
A criação de uma nova empresa na sequência da fusão da Portugal Telecom com a Oi e a fixação da sua sede no Brasil, não significa que a PT deixe de pagar impostos em Portugal. O IRS dos seus trabalhadores e o IRC que for apurado pela sua atividade continuará a ser receita fiscal das autoridades portuguesas. Já ao nível da tributação de dividendos poderá verificar-se alguma redução da base de incidência na medida em que esta passa, à partida, a ser feita no Brasil.
Luís Nazaré, ex-presidente da ANACOM: "Boa noticia, pelo menos no curto prazo, para os acionistas da PT e da Oi. Uma notícia muito agradável para a Zon Otimus. Uma má noticia para a economia portuguesa. Uma incógnita para os consumidores nacionais de telecomunicações".
Paulo Bernardo, ministro das Comunicações do Brasil: "Eu não vejo grandes problemas [para que os órgãos de defesa da concorrência no Brasil aprovem a fusão], eu acho que a empresa vai continuar do mesmo tamanho. Mas é melhor a gente dar uma olhada primeiro".
Direção do Sindicato dos trabalhadores do Grupo Portugal Telecom: "Deixa-nos ainda algumas reticências que o centro de decisão fique no Brasil como tudo indica. Acresce aos nossos receios as situações muito diferentes das condições sócio laborais da OI e da PT que poderão vir a prejudicar os direitos contratuais dos trabalhadores do Grupo PT em Portugal. Lamentamos ter tido conhecimento de decisão tão importante através da Comunicação Social, sem ter sido ainda convocados pela Administração para melhor esclarecimento".
Octávio Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, um dos maiores acionistas da Oi. "A aliança industrial que celebramos em 2010 permitiu-nos um conhecimento profundo da realidade das 2 companhias, da excelente qualidade e profissionalismo das suas equipes que nos permite hoje dar este passo de forma segura e confiante".
Pedro Jereissati, do grupo La Fonte, grande acionista da Oi: "A criação desta nova empresa é mais um passo na direção de se criar uma grande empresa multinacional de telecomunicações com ambição global".
Ângelo Correia considera que a fusão da portuguesa PT com a brasileira Oi é um negócio vantajoso para as duas telecoms permitindo, desta forma, criar um "operador transatlântico", mas considera, por outro lado, que também revela a "perda de poder de Portugal e das suas empresas".
Pois! Depois de um negócio destes, em que ganham as empresas e ganham os acionistas e os países que se lixem, ficamos cientes e conscientes dos objetivos da guerra fria e certeira de Bruxelas à “golden share” que conferia direitos especiais ao Estado, como vetar decisões estratégicas, pelas 500 ações, e cerca de 7% do capital, que detinha da operadora.
Sem esquecer que em 1995, o Estado português detinha 54,2 % do capital social, composto por cerca de 1.000 milhões de ações ordinárias e as tais 500 ações privilegiadas (golden shares), que em 2000 concluiu por privatizar, quase na totalidade (o grupo Estado, representado pela CGD e pelo Instituto de Participações Financeiras do Estado, ficou apenas 7,02 % do capital).Estão a ver como privatizar (o que é nosso) é bom (para os trutas privados)?
Estão a ver como um menor Estado, resulta num melhor estado económico-financeiro (para os trutas privados)?
Estão a ver? Estão mesmo a ver?
A mal da nação…
Só nos fica a alternativa de recuperar as perdas para termos um "melhor Estado", se mudarmos para a concorrência, que fique por cá, e pague impostos…
A bem da nação!

2 comentários:

  1. Será que não se nota aqui uma saudade das colonias? quemcom 10 milhoes de população acha que a fusao com uma empresa com 200 milhoes potenciais já, mais os outros vizinhos é uma perca de soberania deve ler muita imprensa anglosaxonica e considera ou outros as colonias.Tenham juizo e sentido das proporçoes. A nossa sorte é que a potencia que esta a ultrapassar os ingleses é governado por gente como Dilma e Lula que tem uma visão de alternativa latina a hegemonia bancaria e dos TIC do eixo anlosaxaojudeu. so podemos dar graças de termos um Z Bava que vale sozinho meiaPT

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    1. Ó António Cristóvão, que me interessa o que ganha o Bava e o Cristiano Ronaldo, se não pagam impostos no seu país? Que me interessa que a PT seja a melhor empresa do mundo, se Portugal não ganha com os respetivos impostos?
      Foi para isso que privatizaram a PT?
      Que ganhamos em sermos explorados pelo Brasil em vez de sermos explorados por outros?
      Com patriotas destes Portugal só pode ficar cada vez mais pobre.

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