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terça-feira, 19 de março de 2013

Quem faz um cesto faz os que lhes vier à cabeça…

“Cesteiro” de Antonio Parreiras (1927)
Eleito por larga maioria a 24 de fevereiro, o novo Presidente cipriota, o conservador Nikos Anastasiades terá como principal encargo, cujo conteúdo é muito transparente: pôr em marcha o plano para que o país saia da crise em que se encontra. E não tem tempo a perder, avisa o diário Phileleftheros. Um. É um grande desafio para o Presidente mas também para o nosso país.
É evidente que este esforço, nesta conjuntura difícil, não deixa lugar às aspirações da política partidária. O Chipre não se pode dar ao luxo de debates intermináveis, de introspeções, que poderiam travar o regresso do crescimento. O país precisa de decisões, de soluções, de políticas eficazes.
Os tempos difíceis que Chipre está viver exigem consenso e unidade. Todos serão julgados pelas suas decisões, pelas suas atitudes e pelo seu comportamento em geral.
Os ministros das finanças da zona euro querem que os aforradores de Chipre percam uma parte dos seus depósitos (6,6% sobre os depósitos inferiores a €100 mil, 9,9% para os depósitos acima deste valor) em troca do resgate de €10 mil milhões à ilha, mas o Governo cipriota está a tentar suavizar a taxa sobre os pequenos aforradores.
Num discurso ao país, no domingo, o Presidente Nicos Anastasiades disse que a escolha era entre “o catastrófico cenário de uma bancarrota desordenada ou o doloroso mas controlado cenário de gestão da crise”.
Segundo o FMI, o Chipre precisa de 17.500 milhões de euros, nomeadamente para financiar o seu setor financeiro. O plano de ajuda concebido pela UE será compensado pelo aumento do imposto sobre os lucros das empresas, assim como por impostos sobre a riqueza, os rendimentos do capital e a propriedade.
Estas medidas envolverão sobretudo os ricos russos instalados em massa na ilha desde os anos 1990 para escaparem ao fisco no seu próprio país.
“Pela primeira vez, os clientes dos bancos terão de participar no custo de um plano de ajuda europeu”, adianta o diário Die Tageszeitung após o anúncio do plano de resgate dos bancos cipriotas.
O jornal recorda que a chanceler Angela Merkel e Peer Steinbrück, o seu antigo ministro das Finanças, que é agora o seu adversário social-democrata nas eleições, tinham declarado em 2008 que todas as poupanças dos alemães seriam “salvas” apesar da crise.
O filme já vai na 4.ª reposição, com o mesmo guião (pôr em marcha o plano para que o país saia da crise em que se encontra) com atores diferentes, mas seguramente com o mesmo “End”, que nunca mais terá fim…
E depois de tudo que se passou na Grécia, na Irlanda e em Portugal (sem contar com a Espanha e Itália) ainda há cipriotas (pelo menos o que escreve) que acreditam que descobriram a solução, pedindo resgate…
E é claro, que como nos outros filmes, a tela abre com o “paradigma”: “Não há lugar às aspirações da política partidária”, que é o mesmo que dizer, que seja qual for a ideologia do partido no poder e as promessas eleitorais feitas, isso nem se discute. Ganharam as eleições, fazem o que querem…
Mais uma vez, para salvar os bancos, nada melhor do que o próprio governo assaltar os depositantes e depositar o ouro roubado nos cofres dos próprios bancos… É assim à moda de um filme de cowboys de 5.ª categoria, com um enredo muito enredado…
A justificação do presidente, que disparou a torto e à direita, é o mesmo falso dilema: ou a bancarrota ou o vale tudo (que é uma variante do: não havia dinheiro para ordenados e pensões)…
Por azar, os maiores depositantes, em grande, parte eram russos, que gostam de notas bem lavadas, mas quem apanhou por tabela foram os mexilhões cipriotas, que tem tanta culpa como nós tivemos…
Uma coisa parece certa, os alemães, mais uma vez e sempre, estarão de fora destas medidas, já que a atual chanceler e o candidato a chanceler, quando seu ministro das finanças, comprometeram-se a tal, com crise ou sem crise…
Alemão é alemão”, nunca mais aprendem!
Para abandalhar ainda mais o ambiente, vieram logo avisos de Bruxelas, a dizer para ficarmos todos calmos, que este esquema não é para aplicar nos outros países, o que tem o mesmo valor e resultado dos desmentidos no futebol sobre transferências… É certo e sabido!
E como na história, Pedro (o do lobo) já nem se mexe…

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