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quinta-feira, 21 de março de 2013

Por que há sempre alemães nas pocilgas dos PIIGS?

O ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schauble, lamentou o voto do Parlamento cipriota contra o plano de resgate que tinha sido proposto durante o fim de semana para evitar a falência de Chipre e disse que o modelo de negócio do pequeno país não funciona.
Entretanto, o líder do partido UK Independent Party, Nigel Farage, afirmou que a rejeição desta proposta coloca sérios problemas a toda a zona Euro. "Agora sei que Chipre é pequeno e tem apenas 800.000 habitantes, mas o Parlamento cipriota disse de facto 'vamos sair do Euro'. Existe um risco real que isto aconteça e traga consigo um choque, não apenas no euro mas em vários bancos na União Europeia. Portanto estamos num ponto muito crítico."
O opositor social-democrata de Angela Merkel nas legislativas do outono, Peer Steinbrück, responsabilizou a chanceler alemã pela rejeição do plano de resgate europeu para Chipre e considerou ter existido um "erro político flagrante". "A rejeição do plano de resgate europeu pelo parlamento cipriota mostra que este projeto negociado com a contribuição notável do ministro das Finanças, Wolfgang Schäuble, e com o aval da chanceler, falhou", afirmou Peer Steinbrück.
Em Chipre o ambiente está caótico, mas em Bruxelas não está melhor. O presidente do Parlamento Europeu criticou severamente os líderes da zona euro, a quem acusou de falta de transparência na decisão sobre a taxa de depósitos a aplicar em Chipre. 
"Lamentamos a falta de transparência e de responsabilidade democrática na solução original proposta pela Comissão Europeia, FMI e BCE para Chipre", afirmou Martin Schulz no Parlamento Europeu. "Os ministros das Finanças do euro devem assumir responsabilidades pela proposta inicial para o setor bancário de Chipre. A solução foi tomada a portas fechadas nas primeiras horas da madrugada sem uma reflexão correcta sobre as consequências para os cidadãos. Até agora o jogo de culpas só serviu para prejudicar a imagem do euro"
Diz Schulz que "tem de ser encontrada uma solução mais justa e sustentável". "Nós precisamos de uma solução europeia para os problemas de Chipre, não uma solução externa. As poupanças dos cidadãos não podem ser usadas como resgate para o setor bancário". 
"O sistema bancário da zona euro está perante uma mudança radical com o estabelecimento de uma unidade bancária e um único mecanismo de supervisão. A situação em Chipre realça a necessidade de esta ser aplicada o mais rapidamente possível. Uma supervisão direta da UE é a chave para garantir que crises idênticas podem ser evitadas"
Já ninguém deve ter dúvidas de que o ministro das Finanças alemão está para Merkel e as suas políticas, como Vítor Gaspar está para Passos Coelho, só que Gaspar é subordinado de Schauble, como Passos Coelho é de Merkel… Talvez pelo mesmo motivo, o de não perceberem nada de finanças e os ministros das Finanças não saberem o que é a Política…
E enquanto os alemães, figuras centrais nos confiscos aos depósitos gregos, sabem que só teriam a ganhar com mais esta estratégia, que vai para além da austeridade e nem classificação tem, o “inglesinho” descobriu (ainda não sabia) que o efeito dominó é mais perigoso para a sobrevivência da Eurozona e para o Euro do que para os cipriotas e para o Chipre.
Entretanto, os deputados cipriotas sabiam e sabem das consequências (também) para todos os outros, se os expulsarem do Euro. Daí a “coragem” que transparece no voto contra (que contam com o apoio russo), atitude que convém destacar, até porque tal não aconteceu na Grécia.
E continuam a andar à solta uns arautos da desgraça (saída do euro), atirando para o ar percentagens de perdas e dilúvios, sem qualquer “estudo” que o prove, antes pelo contrário, porque desde que a Alemanha o fez, arrepiou caminho em relação à Grécia… Era bom que os técnicos argumentassem com números, mas verdadeiros…
E depois vem outro alemão, social-democrata (enquanto está na oposição) atirar as culpas à Merkel e ao Schauble, mas este como os conhece, até porque já foi ministro das Finanças d’ELA, é capaz de ser credível…
E mais um alemão, também social-democrata e presidente do Parlamento Europeu, Martin Schulz, vem denunciar o desenho mal feito pelos líderes europeus para a “salvação” do Chipre (ninguém na UE tem jeito para o desenho), acusando os a(u)tores, a estratégia e a tática, mais a sacanagem que incorporou em todos os estrategas, pela calada da noite, fruto da psicologia de grupo… E se já são imorais as “reestruturações”, com cessação de direitos, abaixamento de salários, confiscos, destruição do tecido empresarial e o desemprego pecaminoso, imagine-se, gente de bem, líderes de um continente, a roubarem (diretamente) o dinheiro depositado por inocentes cidadãos, sócios da mesma União(?)…
E levando mais longe a sua indignação e verticalidade política, Schulz exige que os ministros das Finanças do euro assumam responsabilidades pela proposta inicial que fizeram para o setor bancário de Chipre. Responsabilidade que devia ser jurídica, mas…
E a mesma responsabilidade jurídica deveria ser estendida aos administradores dos BPNs cipriotas, o que resultaria mais do que a “supervisão” bancária pelo BCE, onde o “nosso” Gaspar deve arranjar um lugarzito numa troika qualquer…
Perante tudo isto, que subestima o surrealismo, como podemos ter esperança de chegar ao sucesso, com gente de tão baixa estatura moral e política?
Mudemos de assunto… e de acentos!

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