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segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Parece que a austeridade foi bruta, mas há outra mais suave…

Preocupado com os altos números do desemprego e com a baixa inflação da Zona Euro, Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu (BCE) quer combinar políticas de estímulo fiscal sem relaxar as regras com que os governos europeus estão comprometidos. Assumindo responsabilidades e reconhecendo que o BCE pode ajudar no esforço de recuperação económica, defendeu mais flexibilidade fiscal, mas sempre dentro do limite de 3% de défice que os tratados da União Europeia impõem aos Estados-Membros.
Na conferência anual de Jackson Hole, nos Estados Unidos, Mario Draghi defendeu perante os representantes dos maiores bancos centrais que nos países da Zona Euro o centro das preocupações está no elevado desemprego e na baixa inflação, que em julho desceu para 0,4%, quase 1/5 em relação ao objetivo do BCE, que era de 1,9%.
A flexibilidade nas regras fiscais poderia ser “usada para dar resposta à fraca recuperação e para abrir espaço aos custos das reformas estruturais necessárias”, explicou. Draghi defende que a grande procura de títulos da dívida tem de ser apoiada por uma política fiscal e por reformas estruturais que reforcem a recuperação da região.
As declarações de Mario Draghi vão ser bem recebidas em Itália e em França, países que têm apelado à flexibilização das condições de aplicação do Tratado Orçamental e do Pacto de Estabilidade e Crescimento. “Sim à estabilidade, mas sem crescimento a Europa morre”, disse o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi.
“Estou confiante em como o pacote de medidas que anunciámos em junho vai oferecer o impulso pretendido à procura e estamos prontos para ajustar mais a nossa política”, acrescentou. O presidente do BCE aprovou uma proposta de Jean-Claude Juncker, próximo presidente da Comissão Europeia, para um programa de investimento de 300.000 milhões para estimular o crescimento.
Ainda no ano passado, o presidente do BCE recusava flexibilizar os programas de austeridade. O apelo a que os países mantivessem o rigor foi uma resposta a Jean-Claude Juncker, na altura presidente do Eurogrupo — que afirmou no Parlamento Europeu que o excesso de austeridade nos países cumpridores contribui para níveis de desemprego que configuram “uma tragédia”.
Já nos chegava o FMI pregar uma teoria e praticar a contrária, como tem acontecido durante os últimos anos…
Agora é o outro parceiro da troika, o BCE, que vem contradizer-se em relação às teorias defendidas e praticadas nos países que pediram empréstimos (e não só), impulsionado (?) pelas palavras do futuro presidente da Comissão Europeia (outro paceiro da troika), Juncker, que antes de o ser ou pensar ser, dizia que a austeridade, que produzia desemprego, era uma tragédia…
Tendo em conta que os 3 representantes do credores estão de acordo, reconhecendo indiretamente que só fizeram borrada, só podemos pensar que as coisas vão mudar… Lógico! Só que, se assim for, Draghi contrariaria a Sra. Merkel, distraída com as sanções à Rússia e à espionagem dos “amigos”, e não sabemos se a reviravolta tática (teoricamente) teve o acordo de Da. Branca, caso contrário é chover no molhado…
O que não se compreende, por que sendo o limite do défice que os tratados da UE impõem aos Estados-Membros seja de 3% e no que a Portugal diz respeito, a troika tenha acordado com as autoridades portuguesas, 5,5% em 2013, 4% em 2014 e 2,5% em 2015, embora a realidade, fruto da asneirada que fizeram, oa tenha  levado a concluir, que em 2013 seria de 5,7%, 4,6% em 2014 e 3,6% em 2015.
Por que raio temos nós que cumprir mais do que é exigido a países mais “ricos” e para além dos Tratados?
Já quanto ao crescimento vs austeridade, já não vale a pena dissertar, dado todos os merceeiros do país ter contestado e desconstruído o método, de tão óbvio paradoxo… Ganhar menos para pagar mais, só podia ser brincadeira ou coisa séria, no domínio político e na área financeira, o que qualquer nerd já tinha percebido…
A confirmarem-se as “boas” intenções, mais vale mais cedo do que para o ano, por causa das eleições, mas assim sendo, não havia necessidade de roubar os FP e tentar novo plano para assaltar os reformados…
Pelo que se apercebe, parece que a austeridade tem vários graus, como os castigos, que vai da bruta à mais meiguinha, mas quem escolhe são os “Super Mários”…
Olho fino e gente grossa!

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