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sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Lá se faz, lá se paga! “…e nós aqui temos tudo!”

O Bank of America (BofA) aceitou pagar um valor recorde de 17.000 milhões de dólares (12.800 milhões de euros), 9.650 milhões dólares às autoridades e os restantes 7.000 milhões aos clientes afectados, para encerrar um litígio proveniente da crise dos empréstimos imobiliários de má qualidade, designados ‘subprime’.
Ficam ainda por resolver possíveis eventos criminais, especialmente relacionados com a Countrywide. O Departamento de Justiça acusou o BofA de ter vendido produtos financeiros, suportados por aqueles créditos imobiliários sem qualidade, que estiveram na origem da crise financeira de 2007-2008 e causaram prejuízos de milhares de milhões de dólares para os seus compradores.
Esta penalidade é um valor recorde, depois de o JPMorgan Chase ter pago 13.000 milhões de dólares em 2013.
O Lombard Odier e o Pictet Group, 2 dos maiores bancos da Suíça, vão tornar públicos os seus resultados financeiros, depois de 2 séculos - desde a respetiva fundação - de segredo. Os 2 bancos passam agora a publicar relatórios semestrais, que terão de ser divulgados até 2 meses depois do final de cada semestre.
Depois de um escrutínio sem precedentes por parte das autoridades europeias e norte-americanas ao sector da banca privada na Suíça, as 2 instituições prescindiram das estruturas de parcerias que implicavam que os seus parceiros assumissem a responsabilidade das perdas em janeiro deste ano. As contas do Pictet Group serão tornadas públicas ainda este mês e, no caso do Lombard Odier, será no dia 28. Não se conhecem ainda os números que serão divulgados, o que se sabe é que os 2 bancos supervisionam cerca de 630.000 milhões de dólares (474.900 milhões de euros) de clientes privados e institucionais, incluindo algumas das famílias mais ricas do mundo.
Começa assim uma nova era de regulação para a banca suíça, que terá de adaptar os seus modelos de negócio e passar a partilhar informação dos seus clientes com autoridades fiscais de outros países.
Neste momento, o Pictet está entre um grupo de bancos suíços sob investigação do Departamento de Justiça norte-americano, por, alegadamente, ajudar cidadãos norte-americanos a fugir ao fisco. O Lombard Odier, por seu lado, entrou voluntariamente para um programa de divulgação de dados, juntamente com mais de uma centena de bancos suíços.
O Wall Street Journal voltou a escrever mais um artigo sobre o colapso do BES. Desta vez, o jornal revela o papel que o banco suíço Crédit Suisse terá tido na derrocada do BES ao juntar milhões de dólares em títulos de dívida do Grupo Espírito Santo (GES) que foram vendidos, em veículos financeiros, a clientes do BES. 3 dos veículos estão sedeados numa offshore francesa e chamam-se Top Renda, Euroaforro Investments e Poupança Plus Investments. O Crédit Suisse foi o "arranger e dealer" destes produtos e o 4.º, chamado EG Premium, está sedeado nas Ilhas Virgens, um offshore britânico.
Nos EUA, devagar e bem, lá vão obrigando os bancos a pagar as vacas aos donos, ao Estado e aos clientes…
“…e nós aqui temos tudo!”
Na Suíça, ao fim de 200 anos, começa uma nova era de regulação para mais de uma centena de bancos, que vão tornar públicos os seus resultados financeiros e passam a partilhar informação dos seus clientes com autoridades fiscais de outros países, para evitar que ajudem cidadãos desses países fujam ao fisco…
“…e nós aqui temos tudo!”
Em Portugal, presume-se que um banco suíço ajudou um outro banco português, que foi à falência, conhecem-se os offshores que “ajudaram” à fuga de impostos e os responsáveis de um banco nem do outro sentam o rabinho no banco dos réus, nem se conhecem os nomes dos fugitivos ao fisco, obrigando-os a repor o que os contribuintes adiantaram por eles…
Lá se faz, lá se paga.
“…e nós aqui temos de tudo!”
Nota – São mais alguns exemplos da inocência dos bancos na crise, da honorabilidade sob suspeita dos banqueiros, do que são os serviços privados e de que não fomos nós que “vivemos todos acima das nossas possibilidades”.

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