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quarta-feira, 21 de maio de 2014

Um cardápio variado(?) para escolher nas eleições de domingo

O que têm em comum um alemão, um luxemburguês, um belga e um grego? A ambição de ser o próximo presidente da Comissão Europeia. Martin Schulz, Jean-Claude Juncker, Guy Verhofstadt e Alexis Tsipras são os 4 principais candidatos à sucessão de Durão Barroso.
Pela primeira vez na história da União Europeia, o presidente da Comissão vai ser escolhido tendo em conta o resultado das eleições europeias, ou seja, entre os nomes indicados por cada família política (partidos europeus que agregam os partidos nacionais ideologicamente semelhantes). Até agora, o presidente foi sempre escolhido em negociações de bastidores entre os governos dos vários Estados-membros.
Além destes 4, há mais dois candidatos indicados por famílias políticas, a alemã Ska Keller e o francês José Bové, candidatos pelos Verdes, mas não têm apoio expresso de nenhum partido português.
É um dos presidentes do Parlamento Europeu mais populares de sempre. O emprego jovem é a sua maior bandeira de campanha.
O que pensa sobre:

Emprego e crescimento
Até 2020, os socialistas querem 10 milhões de novos empregos criados a partir de tecnologias da informação, energias renováveis, transportes sustentáveis e investigação. Um acordo a nível europeu, que envolva a coordenação das ações que promovam o crescimento em cada país da União Europeia, é a ideia de Schulz para travar as altas taxas de desemprego.

Disciplina orçamental
Schulz tem vindo a pedir um compromisso entre a política de disciplina orçamental e o investimento no crescimento e no emprego. Os socialistas defendem que os níveis de endividamento e de défice público precisam de ser controlados, mas alegam que, quando a despesa pública é cortada rapidamente, acaba por causar danos sociais, podendo conduzir a uma recessão profunda.

Dívida
É um dos maiores apoiantes da união bancária por considerar que os contribuintes não devem pagar as dívidas contraídas pelos bancos e por afirmar que na Europa se salvaram os bancos, mas ficaram por salvar as pessoas. É um adepto moderado dos “eurobonds” e apoia o fundo de mutualização de dívida.
Federalismo
Sim.
É o candidato da direita e um dos políticos mais experientes na Europa. Foi um dos negociadores de Maastricht, ex-Presidente do Eurogrupo e detém o recorde de 18 anos como primeiro-ministro na UE.
O que pensa sobre:


Emprego e crescimento
“Tão sociais como os socialistas” parece ser o lema de Juncker para o centro-direita europeu. O ex-primeiro-ministro luxemburguês não quer que seja o PPE a carregar todas as culpas da austeridade, enquanto os socialistas têm o “monopólio do coração dos europeus”. Assim, crescimento e emprego também estão no seu programa, mas dependem de reformas profundas nos setores da saúde, sistema de pensões, mercado de trabalho e sistemas fiscais. Com isto, quer estimular a produção industrial, o empreendedorismo e a inovação. A aposta é ajudar os privados, especialmente as pequenas e médias empresas.

Disciplina orçamental
Para Juncker, não há “pausas” na disciplina orçamental. Ela veio para ficar. Especialmente quando países como França estão em perigo de ultrapassar novamente o limite de défice de 3% com que se comprometeram. Despesa pública não equivale a mais desenvolvimento para o ex-governante que, no seu programa, avisa que rejeita gastos “imprudentes” do dinheiro dos contribuintes.

Dívida
A dívida é para ser paga, mas há lugar para solidariedade europeia se for necessário. Para Juncker, acumular mais dívida é antissocial e antidemocrático.
Federalismo
Sim, é um federalista assumido.
É um dos maiores defensores dos Estados Unidos da Europa e isso tem-lhe valido alguns dissabores, mas Guy Verhofstadt não desiste. Quer uma Europa unida e promete lutar contra o euroceticismo.
O que pensa sobre:

Emprego e crescimento
Verhofstadt quer dar mais condições ao setor privado para prosperar, ao mesmo tempo que defende que a aplicação de verbas do orçamento comunitário deve ter como prioridades a inovação e a captação de investimento.
Disciplina orçamental
O nível de disciplina comunitário é suficiente para o candidato, embora ainda não seja “o ideal”.

Dívida
Para Verhofstadt, o mais importante é ter um sistema que permita descer as taxas de juros dos países da zona euro e, para isso, tanto os eurobonds como um fundo de mutualização da dívida são propostas que lhe agradam.
Federalismo
Sim, é um dos mais acérrimos defensores do federalismo europeu.
É um fenómeno de popularidade, não só na Grécia, onde é líder da oposição, mas na maior parte dos países do Sul da Europa. Quer resgatar a União da austeridade imposta por Berlim.
O que pensa sobre:
Emprego e crescimento
Com os atuais níveis de desemprego jovem, Tsipras diz que a Europa está a “assinar a sua carta de suicídio”. Para este candidato, os empregos a criar na UE têm de ser sustentáveis e financiados pelos fundos comunitários.
Disciplina orçamental
A política fiscal europeia em vigor, que obriga à apresentação de orçamentos equilibrados, é “uma ideia perigosa”, segundo Tsipras. O candidato quer suspender a legislação europeia nesta área e instaurar uma política mais flexível consoante a situação económica dos países.

Dívida
Para resolver a crise das dívidas soberanas dentro da União Europeia, Tsipras quer organizar uma Convenção da Dívida Europeia. O político grego considera que o Acordo de Londres no pós-segunda-guerra Mundial (que perdoou parcialmente a dívida alemã e suavizou o pagamento dos juros) é o modelo a seguir na resolução deste problema.
Federalismo
Sim. Tsipras considera que a Europa precisa de um sistema mais parecido com aquele que vigora nos Estados Unidos da América e estruturas federais para manter a sua coesão.

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