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domingo, 13 de outubro de 2013

Mão-de-obra europeia já é mais barata do que asiática!

Diante de protestos e salários crescentes em países asiáticos, gigante de Taiwan procura alternativas e encontra no Leste Europeu o solo ideal. O tratamento a trabalhadores, porém, seria tão questionável como na Ásia.
Ma Zishan chora em frente à fábrica chinesa Foxconn. O seu filho está entre os funcionários que se suicidaram.
Trabalho maquinal em turnos de 12 horas ininterruptos, 6 dias por semana. E a pressão implacável para atingir metas e manter a produtividade constante.
Assim é descrito pelos media o quotidiano nos armazéns de montagem da Foxconn na Ásia, de onde saem, para todo o mundo, computadores, smartphones e consolas de videogame. O conglomerado conseguiu otimizar a produção para uma eficiência absoluta e alcança recordes de lucros – porém pagando aos empregados salários que mal lhes garantem a sobrevivência.
Quando, há cerca de 3 anos, 13 operários chineses se suicidaram, a Foxconn caiu no descrédito público. Agora a maior fabricante de componentes eletrónicos do mundo retorna às manchetes, desta vez na Europa, onde também mantém unidades de produção.
Mesmas críticas
Repórteres da revista de informática “c't” observaram durante vários dias a fábrica da multinacional de Ttaiwan em Pardubice, República Checa. Conversaram com o Ministério do Trabalho e os conselhos de empresa, com operários checos e trabalhadores itinerantes, a maioria da Bulgária, Roménia, Vietname e Mongólia.
A apenas 3 horas de carro da cidade alemã de Dresden, a Foxconn fabrica computadores em condições de trabalho comparáveis às da Ásia, onde concentra a maior parte da sua produção. "Um funcionário de escritório não tem ideia de como é cansativo e intenso o trabalho numa linha de montagem", conta Christian Wölbert, repórter da “c't”.
Segundo ele, durante as jornadas de trabalho de 12 horas, não é possível conversar, beber algo ou repousar brevemente. Não que a Foxconn o proíba explicitamente. "Mas o ritmo de produção – ou seja, o número de peças que os operários têm que completar – é tão alto, que distrações mínimas como essas ficam fora de cogitação", explica Wölbert.
Incluídos bónus e horas extras, os empregados recebem cerca de 550 euros por mês, informou a revista alemã de informática. Isso é mais do que o salário mínimo checo, porém equivale a apenas 60% do ordenado médio no país.
Companhia defende-se
Wölbert critica, sobretudo, o sistema de bónus. Os pagamentos extras, de cerca de 100 euros mensais, dependem de como é avaliada toda a linha de produção. "Um indivíduo pode perfeitamente satisfazer a sua quota e, no entanto, ter o bónus cortado, se os colegas não correspondem às normas", afirma.
A direção da Foxconn rechaça essa visão. O diretor-gerente Petr Skoda afirmou que também há pagamento de bónus por bom rendimento individual. Enfatizou, ainda, que a sua empresa define-se como membro da União Europeia e, portanto, "acata todas as leis do bloco". Além disso, defende, as instalações são fiscalizadas regularmente pelas autoridades checas, e a reportagem teria sido uma surpresa para a empresa.
Christian Wölbert rebate que não apontou transgressões legais. Até parte do princípio de que a Foxconn segue os regulamentos da República Checa. "No entanto eu questionaria se os padrões são de facto humanamente dignos, se são aceitáveis os exaustivos turnos de 12 horas nesse sistema."
Dentro desse contexto, o repórter critica a exploração de lacunas na lei, uma vez que partes da fábrica em Pardubice são operadas por subempreiteiras, "que são fundadas a toque de caixa e logo desaparecem de novo, escapando, assim, das sanções francamente aplicáveis".
As acusações contra a Foxconn podem acarretar consequências a nível europeu. A eurodeputada alemã Jutta Steinruck, do SPD, exige que Bruxelas inicie investigações. "Enviei um requerimento para o Conselho da UE e a Comissão Europeia", revelou. Integrante da Comissão da UE para Assuntos Trabalhistas e Sociais, teme que se esteja a criar uma tendência de explorar os trabalhadores nos países mais pobres da UE. "Escravidão moderna não é mais uma raridade em certas empresas e setores da Europa", observa.
Steinruck defende que a União Europeia precisaria de criar postos de aconselhamento para trabalhadores itinerantes, "que muitas vezes não entendem o idioma do país e não têm acesso aos sindicatos."
Europa como alvo
É possível que o requerimento da eurodeputada social-democrata sobre as atividades da Foxconn desperte a atenção dos poderosos da UE, pois acumulam-se as indicações de que poderá expandir-se na Europa. Tanto os protestos de operários na Ásia, em parte violentos, como o nível salarial ascendente na China intensificaram a busca do conglomerado de Taiwan por localizações alternativas.
Observadores não excluem a possibilidade de a Foxconn também se voltar em direção à Europa Central e Sudeste. Embora a média salarial nessas regiões seja superior à asiática, há uma boa infraestrutura, e as rotas de fornecimentos até aos compradores europeus são mais curtas e, portanto, mais lucrativas.
A 40 quilómetros de Pardubice, em Kutnà Hora, a Foxconn já possui uma 2.ª unidade, para produção de servidores informáticos. A multinacional também atua na Eslováquia, onde monta televisores para a Sony.
Outras fabricantes de artigos eletrónicos também já descobriram a região. A “c't” regista que a Flextronics monta computadores para a chinesa Lenovo na Hungria, assim como placas de circuitos da marca Celestia na Roménia. Fábricas do setor eletrónico igualmente despontam mais a leste, na Ucrânia, relata a revista.
Sindicatos mantêm-se de fora
Uma das vantagens para os empresários estrangeiros nos países do extinto Bloco Comunista é o clima político favorável ao empregador. Jennifer Schevardo, do Conselho Alemão para Relações Internacionais (DGAP, na sigla original), revelou que em meados da década de 1990 os governos locais criaram incentivos visando especificamente "atrair formas estrangeiras".
Entre eles, destacam-se os privilégios fiscais e o favorecimento dos investidores em construção. Nesse processo, o papel dos sindicatos foi bastante modesto, aponta Schevardo. Devido aos regimes socialistas, o engajamento pelos interesses laborais e as conquistas sociais são historicamente desvalorizados nesses países.
Além disso, os sindicatos não apresentaram exigências políticas de maior alcance. "Quem cria um grande número de postos de trabalho também ganha um monte de direitos. Não há muito que se meter no assunto", sintetiza a especialista.
A Foxconn já tem antecedentes pouco abonatórios e com tendência para o esclavagismo, sendo acusada de submeter os seus trabalhadores a terríveis condições de trabalho. A empresa foi várias vezes associada ao suicídio de vários dos seus empregados:

2 comentários:

  1. estamos quase a ser competitivos,o que são excelentes noticias. Basta descermos mais uns 20% e logo começa a haver crescimento = se gostam de graficos podem fazer a simulação e ficam logo com esperança que daqui a dois anos começamos a crescer.

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    1. Já faltou mais, mas quanto mais descem os salários em Portugal, menos investimento há e mais ganham as grandes empresas...
      Quem diria que ainda vamos ter que viver com 1 euro por dia...

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