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quinta-feira, 5 de setembro de 2013

A sucessão de Durão Barroso já começou

Quem será o presidente da Comissão Europeia depois das eleições de maio de 2014? Nos principais campos políticos já circulam vários nomes. Mas a campanha vai ser longa e será preciso esperar pela eleições na Alemanha, para se ficar a conhecer melhor o equilíbrio de forças na UE.
As candidaturas começam a tomar forma. A luta em si será renhida e as suas implicações serão muito sérias, porque, em comparação com as anteriores, as eleições legislativas europeias de 2014 trarão mudanças significativas. É pelo menos essa a opinião da maior parte dos analistas políticos de Bruxelas. As mudanças incidirão, em especial, sobre o equilíbrio tradicional associado à presença das grandes famílias políticas, que até agora têm dominado a cena na União Europeia.
O resultado será influenciado pelas perturbações que a crise económica gerou entre a opinião pública e, também, pelo aparecimento de um fenómeno mais acentuado de desconfiança em relação à capacidade de governar da atual classe política. Por conseguinte, é desde já possível prever a irrupção de alguns pequenos partidos com um discurso eurocético ou mesmo antieuropeu, que, quem sabe, talvez tenham por objetivo criar uma minoria de bloqueio no Parlamento Europeu.
Essa possibilidade colocaria sob o signo da incerteza o processo legislativo e, igualmente, as relações entre o Parlamento, a Comissão e o Conselho Europeu. O contra-ataque dos partidos tradicionais pode passar – como acontece neste momento – por propostas credíveis para a função-chave do jogo europeu: a de presidente da Comissão Europeia. Esta escolha é ainda mais importante na medida em que, nos bastidores, se fala já da possibilidade de uma alteração ao Tratado de Lisboa, para que esse mesmo cargo possa ser fundido com o de presidente do Conselho Europeu!
A posição europeia que daí resultaria seria, em termos de poder e de influência, semelhante à do Presidente dos Estados Unidos. Mas, repito, trata-se apenas de uma ideia que circula nos bastidores do poder.
Um afastamento definitivo?
Vejamos, portanto, as cartas em jogo neste momento e quais são os nomes propostos, anunciados numa entrevista concedida a um jornal polaco por Joseph Daul, líder do grupo PPE do Parlamento Europeu. Convém não esquecer entretanto que, desde este ano, existe uma decisão que permite que cada grupo político nomeie os seus próprios candidatos. Assim, temos já o nome a propor pelos socialistas: Martin Schulz (atual presidente do Parlamento Europeu).
Contudo, o PPE [Partido Popular Europeu, direita] ainda não se pronunciou. Em contrapartida, 2 comissários europeus, Viviane Reding e Michel Barnier, já se lançaram na corrida, tal como o primeiro-ministro sueco, John Fredrik Reinfeldt.
O que é interessante na lista de Joseph Daul é a ausência do nome do atual presidente da CE, José Manuel Durão Barroso… (embora essa omissão não signifique um afastamento definitivo). O mesmo se pode dizer do atual primeiro-ministro polaco, Donald Tusk, que fez constar que não era candidato, eliminando assim as especulações sobre a possível presença de um candidato de direita oriundo dos países do Leste europeu.
Por outro lado, a comprovar-se a vitória eleitoral prevista da Sra. Merkel, em setembro, é muito provável que a mensagem da Alemanha não seja favorável a Schulz. Nesse contexto, a direita teria de escolher entre Viviane Reding e John Fredrik Reinfeldt, duas candidaturas facilmente aceitáveis e suscetíveis de serem apoiadas ao nível do Parlamento Europeu. Outra candidatura credível e ainda mais passível de obter apoios é a do francês Michel Barnier, que conta no seu palmarés os êxitos obtidos na constituição do mercado único e a recordação de um desempenho impecável como negociador do Tratado de Nice.
Garante da zona euro
Na realidade, toda a gente está suspensa dos resultados das eleições na Alemanha, dado que é evidente que estes influenciarão o desenrolar de futuras negociações e reposicionamentos das forças da política europeia. Porque a Alemanha continua isolada na sua posição de campeão económico garante da zona euro, na sequência do fraco desempenho francês na era do socialista François Hollande.
Estamos, aliás, a atravessar um período durante o qual os Estados-membros começam a apresentar propostas credíveis para os cargos de comissários europeus. Trata-se, evidentemente, de nomes analisados à lupa subjetiva dos interesses das equipas políticas no governo, mas, felizmente, não só, porque alguns são especialistas de renome nos respetivos domínios.
Resta-nos um último cenário: e se, contra todas as expectativas, Durão Barroso voltasse a candidatar-se e acabasse por obter um 3.º mandato? O jogo voltaria ao princípio e continuaríamos como se nada fosse.

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