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quarta-feira, 6 de junho de 2012

Não há bem que sempre dure nem mal…

Más notícias da Bolsa na Alemanha: pela primeira vez desde janeiro, o índice DAX, o principal índice do país, caiu abaixo do limite simbólico dos seis mil pontos. Berlim confronta-se com uma realidade refreada durante muito tempo: a Alemanha que até aqui resistiu à crise, também está a ser atingida pela recessão.
“Este negro mês de maio é um aviso aos líderes políticos para que reduzam todas as incertezas dos trabalhadores e das empresas europeus”, reage o Süddeutsche Zeitung. Enquanto país exportador dependente, ao mesmo tempo, dos seus vizinhos europeus (com a Grécia e Espanha como fatores de instabilidade) e dos países emergentes (onde o crescimento abranda), a Alemanha tem de agir depressa e sobretudo,
aceitar o facto de que hoje, a política económica não pode fazer-se nos limites exclusivos das fronteiras nacionais.
A mesma opinião é partilhada pelo Spiegel Online, que escreve: “o maior erro dos alemães foi considerarem que a crise era apenas dos outros, dos gregos, dos portugueses, dos espanhóis e dos italianos. Ficar de fora já não é uma opção”. Apelando a Berlim para que se torne o garante da dívida dos seus vizinhos, o sítio de informação revela, num segundo artigo, que Angela Merkel está prestes a mudar de estratégia e a abandonar a austeridade absoluta. Berlim está a elaborar um “pacote para o crescimento na Europa” que prevê:
- aumentar o capital do Banco Europeu de Investimento em 10.000 milhões de euros;
- reformar o modo de atribuição dos fundos de ajuda europeus criando, nomeadamente, obrigações-projeto [títulos lançados conjuntamente pelos países europeus para financiar grandes projectos];
- apoiar o plano da Comissão Europeia de combate ao desemprego jovem com 7,3 mil milhões de euros;
- introduzir mais concertação dentro da zona euro nas áreas das finanças e da economia.
Como se diz, “não há mal que sempre dure, nem bem que nunca acabe”, mas só o povo é que entende estes empirismos, que os intelectuais precisam das provas… E, infelizmente, parece que se começa a desenhar uma borrasca na economia alemã, que de tão segura que se achava, destruindo as economias dos países do seu mercado, até se esqueceu que sem dinheiro, para além de não podermos comprar os bens básicos, também nos faltaria o pilim para lhes comprar os bólides e outras máquinas…
E com os mercados emergentes a imergirem (tudo o que sobe desce…), se não lhes venderem os mesmos bólides que nos vendiam e nos arruinaram, vão exportar o quê e para quem? Será que terão de baixar os salários, como aconselharam que nos fizessem, para poder concorrer com os produtos chineses?
Chegados a esta situação e para seu próprio benefício (claro!) já falam em solidariedade com os parceiros-membros, em acabar com a austeridade estúpida e abrirem uma frente para o crescimento. Assim, já poderemos comprar pão e com o que sobrar, talvez um BMW…
Muita gente (com esperanças de que nada mudasse) dizia que Hollande teria que mudar de ideias e mentir ao povo que o elegeu pelas promessas inexequíveis que fez, mas para além de, até agora, não ter mudado uma vírgula do seu discurso, nem renunciado a nenhuma promessa, é a Sr.ª Merkel que lhe dá razão e põe em prática o programa eleitoral do presidente francês, apoiado pela oposição à chanceler, que querendo ganhar as próximas eleições, até já oferece o pacote para o crescimento, se for a tempo de se redimir…
Entretanto, os estragos que já fez é que são irreversíveis e disso não sairá ilesa…
Não há má que sempre dure!

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