“Face à antiguidade do computador, à capacidade da memória RAM e do disco rígido, o mesmo bloqueia inúmeras vezes, obrigando a reiniciar o computador frequentemente, a reabrir várias pastas e subpastas, e as referidas bases de dados, o que tem por consequência uma perda inútil de tempo e provoca grandes incómodos no decurso normal das várias sessões de julgamento”, queixou-se o juiz no despacho produzido no final da sessão de terça-feira.
O juiz explica ainda que no julgamento a que preside tem sido utilizado o computador portátil atribuído pela DGAJ para projetar inúmeros documentos digitalizados do processo, entre os quais, o designado «disco externo 33», que contém milhões de documentos que constavam nos mais de 30 computadores apreendidos nas buscas feitas aos arguidos pelas autoridades.
É também através deste computador que é visionado nas sessões do julgamento o «cd 13», que contém a base de dados das operações bancárias do BPN, IFI, BPN Cayman e Banco Insular. No total, toda a documentação digitalizada, bem como as bases de dados, contêm mais de 300 “gigabytes”, que foram integralmente transferidos para o computador do juiz.
“O computador em referência não tem a mínima capacidade para ser utilizado cabalmente na apresentação da documentação e das bases de dados”, mas esta é “a única forma viável de apresentar a mesma documentação em sede de julgamento face à sua extensão e volume”, reforçou o juiz.
Foi dado conhecimento do despacho à Secretária das Varas Criminais de Lisboa e ao Conselho Superior da Magistratura.
Esta não é a primeira vez que o juiz reclama da falta de condições para julgar um processo desta dimensão, já que, em fevereiro de 2011, o juiz pediu à DGAJ mais armários para guardar os 70 volumes e mais de 600 apensos do processo (em papel), bem como um funcionário judicial para dar apoio no acesso aos documentos e evitar os atrasos provocados nas sessões, que ocorrem sempre que há a necessidade de se consultar um documento durante as audiências, obrigando à deslocação de um oficial de justiça desde o 3º andar até à cave.
Não sabemos se este tempo de atraso conta para efeitos da prescrição, mas que não ajuda a que se chegue a uma conclusão (relativamente) célere, ninguém tem dúvidas. Só falta saber a quem interessa, se interessa, esta lentidão cibernética, que põe os nervos em franja a quem usa tal ferramenta.
Pela descrição do “problema”, qualquer iniciado conclui que estão a gozar com o juiz, ou então não há mesmo dinheiro para comprar “aquela máquina”, que não custa tanto como isso e ou a Parpública prescinde de um carrito para o jardineiro e adquire coisa de jeito na Worten (ou concorrente), nem que seja a prestações (ainda devem ter crédito), ou faz uma “vaquinha” entre os cidadãos interessados no final deste policial, ou organiza um peditório nas TVs, porque os portugueses são solidários quando lhes é mostrada a pobreza, mesmo a de espírito.
Se o mesmo se passar em todos os tribunais (e pelo aspeto dos aparelhos expostos, ainda mais antiquados são) estará aí, eventualmente a primeira razão dos atrasos da Justiça, logo a seguir a todos os velhos métodos e processos que se mantem, desde a marcação de vários julgamentos à mesma hora, aos atrasos escandalosos dos juízes, à convocação de todas as testemunhas para todos os dias e com multa se se esquecerem e à calendarização dos adiamentos, e…
No caso, é estranho que demore um ano para não se dar resposta a mais espaço e mais pessoal, prejudicando o andamento normal de um julgamento, sobretudo tal acontecer em instalações novas, tão bonitas e tão esvaziadas de capacidade e funcionalidade…
Uma vez tornada pública a fraca e impotente logística, certamente que a Secretária das Varas Criminais de Lisboa e o Conselho Superior da Magistratura dará resposta à denúncia, para que não se pense que há interferência dos que estão por cima da pirâmide e corresponsabilidade na lentidão da justiça, que neste caso tem que ser exemplar, caso contrário será o golpe final no pouco crédito de que goza o setor da Justiça e a falta de crédito no setor bancário...
Na era do “online”, não se pode confundir com o “offside”, mesmo em época da redondinha…
Vamos sentar a BANCA no banco dos réus, mas ofereça-se conforto (a que estão habituados) e eficácia (coisa que não lhes é próxima) para que tenham um veredicto justiceiro e fulminante!
“BPN por alguns, todos contra o BPN”!
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