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quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

HACKERISMO: Um contra-poder contra o PODERIO

O ataque deste fim-de-semana à Stratfor pôs em evidência as debilidades do servidor deste think tank norte-americano para a segurança internacional, mas também o problema de identidade dos Anonymous. Quem são, não se sabe. Nem se consegue confirmar quando alguém diz agir em nome do grupo e dele não faz parte. É o que está a acontecer.
O sistema informático da Stratfor foi violado durante o Natal. Um grupo de hackers conseguiu entrar e aceder a uma lista de assinantes da publicação deste think tank, que reúne e analisa informação de todo o mundo. Foram recolhidos nomes, e-mails, palavras-chave, números de telefone, moradas e cartões de crédito.
A lista com alguns destes dados foi publicada online. Mas só depois de os atacantes terem usado alguns dos cartões de crédito para contribuir com somas avultadas para instituições de caridade como a Cruz Vermelha e a Save The Children, num valor total superior a 1.000.000 de dólares. Nessa lista encontram-se dados de dois portugueses, o general Loureiro dos Santos e Mário Tomé, antigo deputado da UDP.
O ciberataque foi publicitado como obra dos Anonymous e assim noticiado em todo o mundo. A autoria foi pouco depois desmentida, através de um comunicado que explica as razões por que a Stratfor não poderia ter sido alvo de um ataque dos Anonymous: “Como fonte mediática, o trabalho da Stratfor é protegido pela liberdade de imprensa, um princípio que os Anonymous muito estimam”.
“A Stratfor é uma agência de informação open source, que publica relatórios diários sobre os dados recolhidos na Internet aberta. Os hackers que dizem pertencer aos Anonymous distorceram esta verdade, a fim de promover a sua agenda oculta, e alguns ‘Anons’ morderam o isco”, lê-se no comunicado publicado no domingo.
Ontem, segunda-feira, o cibernauta @Kilgoar publicou um outro texto em que sublinha a diferença entre dois grupos de hackers – os Anonymous e o Antisec, a que pertence Sabu, o principal autor do ataque à Stratfor. As críticas têm sido muitas no Twitter, onde outros hackers o acusam de não entender a “sensibilidade” dos Anonymous.
No texto de segunda-feira, Kilgoar argumenta que "as intenções de Sabu e da sua equipa são cada vez mais obscuras" e questiona os restantes Anonymous sobre se devem ou não permitir que se continue a usar o nome do grupo para este tipo de ataques. A sua posição é clara: vota contra. “[Estas] não são acções de anarquistas justos, mas de criminosos oportunistas”, sublinha.
Sabu, por outro lado, acusa os detractores de o odiarem. “Ignorem estes idiotas. Odeiam-me por muitas razões, mas sobretudo porque não me conseguem parar”escreveu no Twitter. Num novo comunicado, publicado nesta terça-feira, o autor do ataque à Stratfor sugere mesmo uma ligação entre os hackers que o repudiam e a empresa, cujos “funcionários estão bem versados em contra-informação”.

Na segunda-feira, a Stratfor alertou os clientes, que têm as suas contas suspensas, para a possibilidade de os seus dados estarem a ser utilizados segunda vez por apoiarem publicamente a empresa, sediada em Austin. Hoje, o site da Stratfor continua offline.

A Stratfor fez ainda saber que a sua lista confidencial de clientes, que inclui agências e departamentos governamentais e intergovernamentais, bancos de crédito e de investimento ou empresas multinacionais, está segura. A Marinha portuguesa, por exemplo, faz parte dessa lista. Os responsáveis pelo think tank informaram que os hackers acederam apenas a uma lista de assinantes do seu boletim informativo.
No meio da confusão política, económica e financeira em que o mundo vive nos dias que correm, por abuso de 1% de cidadãos e sacrifícios consequentes para os restantes 99%, tal situação de impasse e prepotência desta maioria, em muitos países tem emergido muitas convulsões sociais, surgido movimentos cívicos, pacifistas (que tem tido respostas violentas do poder), e nada mais natural do que o aparecimento de outros movimentos de cariz variado e mais radicais.
É o caso dos “Anonymous” e o “Antisec”, que usando a arma mais à mão e que melhor dominam, a Internet, como hackers de 1ª categoria, vão desferindo golpes em instituições nacionais e multinacionais, por um lado com o objetivo de mostrar os “calcanhares de Aquiles” dos sistemas de segurança, criando-lhes insegurança e por outro lado compelidos por um sentimento de reparação das injustiças, tipo “Robin dos Bosques”, sacando aos ricos para darem aos pobres.
Os media, como dependentes do poderio, até já lhes chamam “ciberterrotistas”, deixando de lado o comportamento dos especuladores, a quem deveriam chamar de “mercadoterroristas”, bem como do colaboracionismo dos políticos, a quem deveriam chamar de “democratoterroristas” e ainda a banca, geradora e instigadora do consumismo que engordou a crise, a quem deveriam chamar de “bancarrotaterrorista”…
Se estamos em guerra, a moralidade tem que ser a da guerra e os senhores do mundo conhecem-na bem, porque é a ausência de ética que tão bem exploram e que devem aceitar de quem lhes quer e tem as armas para os vencer, ou resistir…
A ética quando nasceu foi para todos e quando de um lado a ética não conta, para o outro contentor a regra tem que ser a mesma, ainda que continue a haver desproporcionalidade de meios… E no caso, nem há derramamento de sangue, nem “sofrimento” que ultrapasse 1% da população mundial.
E quem não gosta do Robin dos Bosques, ou do Zé do Telhado?
Histórias de encantar, que até as crianças compreendem e querem imitar…
Os think tanks, ou “tanques de pensamento”, são instituições que têm o papel de ajudar a formular o pensamento de uma sociedade em diversas áreas – como política, relações internacionais e meio ambiente, por exemplo – através de livros, artigos, editoriais e outros trabalhos. Geralmente, os think tanks reúnem diversos tipos de académicos, como sociólogos, advogados, cientistas políticos e outros tipos de especialistas.
Os “think tanks” são muito importantes nos Estados Unidos, mas há alguma resistência ao trabalho de alguns deles, já que são financiados por partidos políticos ou por corporações que direcionam um pensamento supostamente neutro para determinados interesses.

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