(per)Seguidores

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

A carta de Passos Coelho para o Menino Jesus…

O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, considera que os portugueses têm motivos para ter esperança e que o seu esforço irá valer a pena, quando o Governo antecipa que 2012 seja marcado por reformas estruturais focadas na "democratização da economia".
"Aproveitemos, pois, esta quadra natalícia para recobrar o fôlego para as grandes tarefas que nos aguardam. Neste Natal temos razões para olhar de frente o futuro com esperança porque sabemos o que queremos. E porque sabemos que os portugueses têm sido corajosos e que o seu esforço vai valer a pena", declarou Pedro Passos Coelho na mensagem de Natal difundida este domingo.
Sublinhando que "um dos objectivos prioritários do programa de reforma estrutural do Governo consiste precisamente na recuperação e no fortalecimento da confiança", o primeiro-ministro afirmou que "com mais confiança vem mais solidariedade, mais democracia, mais justiça e mais vitalidade social".
"Para construir a sociedade de confiança que queremos temos de reformar a Justiça, temos de tornar muito mais transparentes a máquina administrativa e as decisões públicas, temos de abrir a concorrência, agilizar a regulação e acelerar a difusão de uma cultura de responsabilidade no Estado, na economia e na sociedade", indicou o primeiro-ministro.
Pedro Passos Coelho acentua que "2012 será um ano de grandes mudanças e transformações", sendo que "a orientação geral de todas essas reformas será a democratização da nossa economia".
"Queremos colocar as pessoas, as pessoas comuns com as suas actividades, com os seus projectos, com os seus sonhos, no centro da transformação do País. Queremos que o crescimento, a inovação social e a renovação da sociedade portuguesa venha de todas as pessoas, e não só de quem tem acesso privilegiado ao poder ou de quem teve a boa fortuna de nascer na protecção do conforto económico", declarou Passos Coelho.
Nota prévia – não ouvi a homilia, por não ser crente, nem praticante, só li os vários relatos, unânimes e acríticos, razão porque até poderei ser demagogo, até o futuro me desmentir.
A primeira “verdade” anunciada e já requentada é que 2012 será um ano de grandes mudanças e transformações, dando continuidade às grandes mudanças e transformações já impostas em 2011, dentro da mesma filosofia e prática política de cilindrar a classe média para proteger a banca, os empresários e a classe política.
A segunda verdade, verdadeira, é que neste Natal o governo tem razões para olhar de frente o futuro com esperança porque sabe o que quer (implantar um capitalismo neoliberal, frio, musculado e implosivo da estrutura social), que é tudo ao contrário do que prometeu, só por imposição da troika, que até já tinha esboçado um memorando antes das promessas eleitorais.
A terceira verdade (que é mais um desejo/pedido) é dizer que sabe que os portugueses têm sido corajosos (mansos, covardes e acomodados) o que lhe permite pensar e que o seu (dele) esforço vai valer a pena para atingir as metas ocultas…
A primeira falácia é dizer que um dos objectivos prioritários da reforma estrutural (despedimentos, confiscos e assistencialismo temporário) do Governo consiste na recuperação e no fortalecimento da confiança (quando houve), sendo a primeira medida este béu béu de “padre cura”.
A segunda falácia silogística é acreditar que vai aumentar a tal confiança, que só por si (milagre de Natal) vem mais solidariedade (com a banca e os criminosos do setor), mais democracia (não haverá referendos, as greves constitucionalmente garantidas serão condenadas por razões económicas e as manifestações serão protegidas pelas forças de segurança) mais justiça (os correlegionários do BPN e BPP vão ser julgados) e mais vitalidade social (através da ação da Caritas e das filhas das “Popotas”).
A terceira falácia será a democratização da nossa economia (muitos continuarão a pagar as dívidas de alguns com muitas mais posses e culpas exclusivas no cartório), tendo essas reformas como orientação geral o desenho já feito este ano, esboçado por quem não tem jeito, nem inteligência para tais habilidades.
Moral da história: QUER que o crescimento, QUER que a inovação social e a renovação da sociedade venha não só de quem tem acesso ao poder, ou de quem nasceu na protecção do conforto económico. QUER…
Do que se leu e ouviu nos extratos, fica-se com a ideia de que o PM ainda está na oposição, não se lembra que é ele o responsável pela (in)atividade política dos últimos 6 meses e pede “prendinhas” ao Menino Jesus com uma fé “infantil”, que denuncia a falta de maturidade para as funções…
Podia ter aproveitado para renunciar ao subsídio de férias e de Natal dos próximos anos…
As outras homilias, quer de D, Policarpo, quer de D. Cavaco, estruturaram-se nos mesmos valores, de consolar os pobres, incutir-lhes a “esperança” de que o nosso fado é falta de património material, que convém preservar para eles terem a quem pregar…
"A mensagem foi realista porque não ignora a exigência do próximo ano e as promessas que Portugal vai ter de cumprir. É realista também porque tem consciência - o primeiro-ministro refere-o - dos sacrifícios que muitos portugueses estão a fazer neste momento, e salientou os mais novos e os mais velhos como alguns dos que estão a sentir esses sacrifícios", considerou João Almeida, porta-voz e vice-presidente da bancada parlamentar do CDS-PP.
A fé de quem quer acreditar é tão grande, que o presidente do falido “Os Belenenses” (que o vai recuperar com a tática do PM) conseguiu descortinar algo de real nas “medidas” anunciadas pelo seu guru, sem se esquecer que os mais novos e os mais velhos estão a ser sacrificados, mas sem dizer em favor de quem…
Também podia ter aproveitado para anunciar a renúncia dos deputados do partido ao subsídio de férias e de Natal dos próximos anos…
"É uma mensagem que se pode resumir a um conjunto de palavras falsas, que soam a mentira aos ouvidos dos portugueses", disse Jorge Cordeiro, da comissão política do PCP, num comentário às palavras de Pedro Passos Coelho.
Segundo o comunista, "no centro das preocupações não está o país nem os portugueses, como o primeiro-ministro quis fazer crer. Estão os interesses dos grupos financeiros, da banca, dos grandes grupos económicos".
Não foram palavras falsas que PPC proferiu, foram ideias travestidas de desejos natalícios, que acabam no dia de Ano Novo…
Também podia ter aproveitado para anunciar a renúncia dos deputados do partido ao subsídio de férias e de Natal dos próximos anos…
O PS afirmou hoje "esperar mais contrição" no discurso de Natal do primeiro-ministro, "pelas promessas não cumpridas e pela insensibilidade que o Governo revelou em tantas medidas" que concretizou desde que tomou posse, disse o secretário nacional do partido, João Ribeiro, que sublinhou que Pedro Passos Coelho "cumpriu o ritual, a tradição das mensagens de Natal", mas disse que "esperava mais". "Esperava que o primeiro-ministro, mais do que dizer o que deve ser feito, fizesse. Um primeiro-ministro faz, não anuncia", vincou.
Claro que não compete ao PM dizer o que deve ser feito (isso dizemos todos, até os deputados da oposição), mas dizer o que fez e que vai fazer, como e quando e quem serão os prejudicados e os beneficiados.
Também podia ter aproveitado para anunciar a renúncia dos deputados do partido ao subsídio de férias e de Natal dos próximos anos…
O dirigente e eurodeputado do BE, Miguel Portas, alegou que "o Governo projeta modificar em 2012 as fórmulas de cálculo das pensões de reforma…", o que não foi referido por Passos Coelho na mensagem, na qual este se comprometeu a "honrar os compromissos" e questionou onde está o "ataque aos núcleos de privilégios injustificados" de que falou.
O BE não tem razão ao dizer que PPC não vai honrar os compromissos, porque vai, mas só os que assumiu (mais 50%) com a troika. Os ataques aos privilégios também serão atacados (por imposição da troika), aos Funcionários Públicos, à classe média e aos “mais desfavorecidos”, que levaram o país ao patamar do lixo reciclável…
Também podia ter aproveitado para anunciar a renúncia dos deputados do partido ao subsídio de férias e de Natal dos próximos anos…

4 comentários:

  1. O seu discurso fez-me lembrar esta frase..."espelho meu, espelho meu, há alguém mais bonito do que eu?"

    ResponderEliminar
  2. Félix da Costa
    Bonito, bonito???? Devia perguntar se havia alguém mais capaz do que ele e com competências para tal...

    ResponderEliminar
  3. Vou levar o cartoon...
    Beijinhos, Miguel, e votos de boa continuação...

    ResponderEliminar
  4. Anabela
    Podes levar e agradece ao Henrique...

    ResponderEliminar