Este resultado “descreve uma nova realidade na vida política francesa [porque] não se contenta apenas a falar em potencial eleitorado. Sublinha também uma dinâmica. [...] Desde há 4 meses, o único partido que verdadeiramente sobe (+3 pontos) é a FN”, escreve Le Nouvel Observateur, que lembra que, com o método de escrutínio proporcional, este é o novo estatuto da FN que pode aparecer à luz do dia sem que isso seja, no entanto, uma especificidade francesa, de tal modo é poderosa a onda das forças nacionalistas, populistas e xenófobas em todos os países da União Europeia.
"Sim, sinto-me pronta para o Eliseu." Assim respondeu Marine Le Pen, líder do partido Frente Nacional, sobre a possibilidade de ser a sucessora do presidente da França, François Hollande, a partir de 2017. "Os franceses estão lúcidos. Muita gente está a tomar consciência da situação da França", diz ela, para quem o seu partido deve ser considerado "patriótico" e "extremamente democrático".
Apesar de ser a favor da economia de mercado, Marine opõe-se à Europa e ao euro, além de insistir na necessidade de libertar o país do jogo dos tecnocratas de Bruxelas e de outros atores do cenário político internacional. "Não queremos mais ser vassalos dos Estados Unidos ou das monarquias do Golfo Árabe", ressaltou.
O estudo chama a atenção para algumas transformações no perfil do novo eleitor potencial da Frente Nacional. A sondagem mostra que cerca de 19% dos idosos franceses – um eleitorado assíduo no escrutino europeu e que, durante muito tempo, foi o principal resistente à ideologia de extrema-direita – pretendem votar na FN. Outro dado que impressiona é a mudança de opinião da chamada classe operária. Segundo a pesquisa IFOP, 44% dos eleitores do grupo – que tradicionalmente é mais próximos das ideias de esquerda ou de extrema-esquerda – estariam dispostos a votar para o partido de Marine Le Pen.
Esses resultados podem ser vistos como o fruto de uma mudança de discurso da Frente Nacional, aliado a um sentimento de rejeição dos franceses às instituições europeias.
A mediatização de questões ligadas à insegurança, imigração e delinquência, temas favoritos da Frente Nacional, tem contribuído para o sucesso do partido extremista.
Pela popularidade, o Aurora Dourada é o 3.º partido no país. E mesmo o seu encerramento pode aumentar a legitimidade das suas ideias, por conceder aos neonazis um nimbo de lutadores que sofreram em prol da sociedade grega. Nos anos 30 do século passado, a pobreza e o desemprego contribuíram para a propagação das ideias do nazismo na Europa. Tudo terminou com a II Guerra Mundial. Será que os atuais políticos terão provas de bom senso para impedir uma nova epidemia de nazismo?
Todos temos verificado, nas últimas eleições na União Europeia, uma vaga crescente de forças nacionalistas, populistas e xenófobas em todos os países, sobretudo nos intervencionados e nos que apresentam dificuldades em saldar ou estancar as dívidas externas, como parece verificar-se, desta vez, em França.
Estes adjectivos, nacionalismo, populismo e xenofobia, aplicam-se apenas quando o pressuposto vencedor é conhecido e de direita. Se forem de esquerda já são apelidados de extremistas, palhaços, anarquistas, etc.
No caso de Marine Le Pen, parece que o sucesso lhe vem por se opor à Europa e ao euro, que à primeira vista não tem muito a ver com política, mas com matemática, contabilidade e folhas de Excel e com implicações no quotidiano dos cidadãos e numa transformação ideológica, em lume brando, da estrutura sociopolítica da Europa e do mundo.
Para além deste “pormaior”, que leva os mais pobres a “aderirem” a políticas de (extrema) direita, que se virarão, sempre, contra eles, parece que a outra (grande) razão reside na necessidade de libertar o país do jogo dos tecnocratas de Bruxelas e da vassalagem aos EUA e das monarquias do Golfo Árabe, que natural e soberanamente todos rejeitam, porque somos todos, antes de tudo, nacionalistas. E daí o emergir deste sentimento de rejeição dos franceses e de tantos outros cidadãos de várias nacionalidades às instituições europeias, mas sobretudo à falta de legitimidade democrática que nos torna vassalos da plutocracia…
Não será necessariamente a insegurança, a imigração e a delinquência, temas intrínsecos à Frente Nacional, mas as circunstâncias tem contribuído, sociologicamente, para o germinar deste partido extremista, à custa da adesão das próprias vítimas (futuras). Lembremo-nos dos ciganos expulsos de França, tanto com Sarkozy no poder, quer agora com Hollande e com o tratamento dado aos refugiados sírios, que denunciam o tratamento que a França lhes deu, enquanto estava disposta a intervir militarmente o seu país, em nome dos direitos humanos…
A hipocrisia dos “democratas” de hoje, só pode levar os menos esclarecidos a rejeitar esta “democracia”…
Já todos sabemos que foi a pobreza e o desemprego que contribuíram para a propagação do nazismo nos anos 30 do século passado e culminou na II Guerra Mundial, de armas tradicionais. E se os “nossos” políticos e (mal queridos) líderes atuais não tiverem muito bom senso e muito mais sensibilidade social, não impedirão uma nova epidemia, com o pomposo nome de “Pós-democracia”.
Curiosamente e contra o que alguns querem fazer crer à opinião pública, os alemães nunca foram nem serão contra “O” projeto europeu, antes pelo contrário, muito menos contra a moeda única, só porque a Alemanha (e mais uns tantos países sem mar e sem grande horizontes) recolhem os valores dos países “mais desfavorecidos” desta União Europeia, com que tem lucrado, massacrando-os...
E quem se opõe a estas “políticas”, ou é palhaço (como na Itália), ou é extremista de direita ou de esquerda (como na Grécia), ou é nacionalista (como Na Finlândia), ou é populista (como na França).
No fundo, no fundo, são os vampiros que sugam os atuais PIIGS (e os seus primos) os promotores (conscientes) desta “revolução” social, que nos conduzirá, sempre, para os braços dos 1% que nos condicionam a vida, o corpo e alma…
Por que lhes perdoaremos?
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