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sábado, 12 de abril de 2014

O nosso país também é o país deles…

"Esse país também é nosso" é o nome de um manifesto lançado por jovens emigrantes portugueses qualificados, que pretendem que "a realidade avassaladora da emigração" seja tema de debate nas eleições europeias.
A ideia de lançar o manifesto surgiu da vontade de jovens emigrados "à força" de "fazerem alguma coisa" pelo seu país, numa altura em que se aproximam as eleições europeias (25 de maio), informou Rodrigo Rivera.
"Achamos que se está a falar muito pouco da nossa situação enquanto portugueses emigrados à força" e, por isso, considerámos "importante pautar as eleições europeias" com esta temática, adiantou o jovem, que emigrou com a mulher para o Brasil em setembro.
ESSE PAÍS TAMBÉM É NOSSO
Emigramos mas não desistimos
Em Portugal, as pessoas passam tempos difíceis. Todos conhecemos situações de vidas destruídas pela crise e pelos cortes dos últimos anos. Ao contrário das promessas, o país ficou pior depois da troika, com mais desemprego e dificuldades para quem precisa de trabalho para viver. A União Europeia tornou-se uma fábrica de austeridade, que só produz mais pobres, desempregados e desunião entre os países. Esse caminho do empobrecimento, seguido de forma fiel pelo governo português, não apresenta qualquer esperança para quem permanece em Portugal.
Longe do país, queremos continuar a fazer parte da solução para os seus problemas.
Partimos, uns antes, outros depois de uma crise que não foi criada por nós nem pelos nossos. Com percursos, experiências e idades diferentes, encontrámos fora do nosso país a oportunidade que nele nos foi negada. Desde logo, um projecto e um horizonte de vida dignos desse nome. Muitos de nós pertencem à geração mais qualificada de sempre, uma formação conseguida com muitos sacrifícios, pessoais e familiares, mas também com o investimento de todos nos serviços públicos de educação. Um percurso que chocou contra a parede do desemprego e da precariedade. Somos também dos que partiram sem ter podido estudar, empurrados de um país incapaz de garantir um apoio social a quem mais precisa. Hoje, todos somos emigrantes de um país a saque.
Pedro Passos Coelho afirmou que o desemprego pode ser “uma oportunidade”, que sair da “zona de conforto” é uma necessidade em tempos de crise. Esta crise tem sido, de facto, uma grande oportunidade para os bancos que se salvaram com os dinheiros públicos, para as grandes empresas que impuseram mais cortes salariais e precariedade, para os grupos que se aproveitaram das privatizações ao desbarato de bens públicos. As 120.000 pessoas que anualmente partem de Portugal, muitas sujeitas a trabalhos mal pagos e com poucas condições nos países que as recebem, são o reverso desta medalha. Resgatá-las é a necessidade de quem acredita numa alternativa.
A austeridade que mata a economia é uma opção política dos governos e da troika.
As eleições europeias do próximo dia 25 de Maio representam uma oportunidade única para colocarmos em xeque o poder do campo austeritário. O desafio de uma insurgência cidadã, que teve expressão nas grandes manifestações contra a troika, pode e deve vencer a política do medo. Quem o afirma é Alexis Tsipras, candidato a presidente da Comissão pelas esquerdas europeias (Syriza, Die Linke, Front de Gauche, Izquierda Unida, Bloco de Esquerda): “o resultado político da mobilização dos cidadãos frente à obscura Europa do neoliberalismo e da austeridade joga-se, em grande parte, nas próximas eleições europeias de Maio. As condições políticas podem e devem mudar com o voto dos cidadãos, para que termine de uma vez por todas o austericídio”.
Podemos dar um primeiro passo. O passo de votar, de exercer esse direito conquistado e escolher a alternativa que se ergue contra a austeridade e o garrote da dívida. Esse passo é o primeiro de um regresso ao país que, num dia de abril, quis ser dono de si. Um país que é nosso e que queremos de volta. Não desistimos.

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