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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Duas turbinas na descolagem (em pista) do processo…

Abre-se o jornal da manhã e lá está: consultores de Dirceu promoveram venda da TAP a Efromovich.
Henrique Monteiro
José Dirceu, ex-todo poderoso no governo de Lula, está preso, por corrupção; Efromovich é uma personagem de certo modo estranha, nascido na Bolívia, naturalizado colombiano, brasileiro e polaco, dono da Avianca que se prepara para comprar a TAP (há quem diga que por tuta e meia, mas disso não estou certo). Falta uma pessoa para se compor o triângulo, porque há sempre um triângulo nestes negócios. E já adivinharam quem é - Miguel Relvas.
Temos pois um político brasileiro corrupto, um empresário com uma história algo duvidosa e um político português. Este último, já tinha casos suficientes para ter vergonha e se demitir, mas persiste com aquela autoconfiança que só um ego desmedido e uma proteção política irresponsável permitem ter. Um jornalista brasileiro, Ancelmo Goes (citado no 'Público' num excelente artigo de Cristina Ferreira, onde vou buscar esta informação toda), escreveu a 28 de Outubro no jornal 'O Globo': "Quem está ajudando o empresário Germán Efromovich a comprar a TAP é Miguel Relvas".
E pronto! Não é surpresa! Agora se vê melhor o que o Álvaro andava e anda a atrapalhar. O verdadeiro ministro da Economia também é o Relvas. É o Relvas, é o Relvas, é o Relvas! E depois querem que se confie neles...
E tem mais, mas muito mais haverá, por menos...
Leio nos jornais que a futura TAP, privada e privatizada, vai ser dotada de um “Comité de Sábios”. Parece tratar-se de um comité de acompanhamento do plano estratégico da empresa, composto por representantes do Estado, representantes dos accionistas e os habituais especialistas de reconhecido mérito. Este comité, para além de acompanhar o plano estratégico, parece que também terá a função de garantir o seu cumprimento.
Luís Parreirão
Esta é uma das bizarrias portuguesas – criar órgãos em catadupa para assumirem funções consultivas, elaborando extensos pareceres que servem frequentemente para suportar decisões que, com demasiada frequência, são tão redondas como os pareceres que as suportam.
Acontece que os tempos não estão para a manutenção deste tipo de comportamentos e de decisões.
Quando a pobreza se generaliza, o desemprego aumenta a cada minuto e a fome entra, pela primeira vez em várias gerações, em muitos lares, exige-se aos decisores políticos maior ponderação e melhor compreensão da realidade social e do impacto mais profunda das suas decisões e atitudes.
Este tipo de órgãos, com nomeações para todos os gostos e com titulares das mais variadas proveniências, com remunerações pouco claras quanto ao sinalagma que corporizam, e frequentemente excessivas aos olhos dos cidadãos empobrecidos pelo Estado, criam na opinião pública um sentimento de revolta e de descrédito dos dirigentes. Situação que, nas actuais circunstâncias, atinge o cerne do próprio regime democrático. Instilam, de facto, a ideia de que os sacrifícios não são repartidos equitativamente por todos e que existem uns pouco privilegiados que sempre sobrevivem, directa ou indirectamente, abrigados pelo Estado.
Por outro lado, e mais preocupante, este também não é o tempo para a diluição do poder de decisão.
As fragilidades de muitos decisores públicos, a par da incerteza e imprevisibilidade da situação nacional, levam, com excessiva frequência, a que as medidas tomadas não correspondam aos programas sufragados, deslegitimando, desta forma, o poder e o seu exercício. Se a tal situação se juntar um exercício diluído do poder público o que passará a estar em causa é o próprio Estado.
A minha dúvida é se tudo isto acontece “por acaso” ou se a diluição do Estado, da sua autoridade e da credibilidade dos seus responsáveis é uma atitude deliberada, ainda que não confessada…
Contrariamente ao que se anuncia parece que estamos todos a ser pouco sábios. Há, no entanto, um ponto relativamente ao qual não tenho dúvidas – O Povo é Sábio!

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