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sexta-feira, 1 de junho de 2012

Andam a dar-nos música com cassetes piratas!

O professor de Economia e investigador do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, José Maria Castro Caldas, disse que o dinheiro emprestado pela troika a Portugal “não foi para pagar salários e pensões”, mas para pagar a credores.
“É falso que sem aquela ajuda não havia dinheiro para pagar pensões e salários aos funcionários públicos até final do ano” de 2011, sublinhou. Portugal não tinha dinheiro para “amortizar a dívida pública que vencia nessa altura e a ajuda da troika veio para pagar aos credores, exceto 13 mil milhões de euros” destinados a “recapitalizar a banca” portuguesa, sustentou o economista, num debate promovido pela Auditoria Cidadã à Dívida Pública Portuguesa.
“Existem ideias feitas sobre a dívida” de Portugal que “não correspondem à realidade”, frisou Castro Caldas, considerando que “a maioria das pessoas acredita que os 78 mil milhões de euros da troika eram para pensões e salários”.
Discordando de alguns participantes no debate, que defenderam que a dívida pública portuguesa não deve ser paga, Castro Caldas disse que “há uma parte da dívida” que deve ser paga, designadamente, ao Fundo de Segurança Social, aos pequenos aforradores que investiram em Certificados de Aforro e à banca portuguesa. Uma parte da dívida não deve ser paga, como a que resulta de “contratos ilegítimos” e “a outra parte deve ser renegociada”, advogou.
Olinda Lousã, sindicalista e membro da IAC, considera, igualmente, que Portugal deve apenas “renegociar a parte legítima da dívida”, mas antes, advertiu, é necessário saber qual é essa parte e apurar a dívida ilegítima. “O futuro não se resolve com esta austeridade cega”, salientou.
O músico Manuel Rocha também entende que a dívida pública deve ser renegociada e de forma a permitir que o país “possa ter desenvolvimento económico”, investindo nas pequenas e médias empresas e na exportação e “tributando os bolsos onde há dinheiro”.
Pronto! Admitamos que a legitimidade dos sindicalistas (que defendem os direitos dos trabalhadores) está na mó de baixo, fruto de golpes contínuos e orquestrados pelos representantes dos empresários (que acham que, eles sim, tem legitimidade de representação e de defesa dos seus interesses), acobertados pelo governo e pelos partidos da coligação e vamos deixar de lado a opinião da sindicalista, sem lhe retirar a capacidade de pensar e tirar conclusões da leitura que faz da realidade…
Pronto! Admitamos que um músico, por muito criativo e performativo que seja não percebe nada de economia, mas também não lhe vamos retirar a capacidade de pensar e tirar conclusões da leitura que faz da realidade…
Pronto! Dos 3 argumentadores, 2 podem ser excluídos da defesa da tese, mas ainda sobra um, que por ser especialista na matéria, sem ter que defender o mundo do trabalho, nem pretender dar-nos música, deve ser levado mais a sério, por não lhe podermos retirar as competências para tirar conclusões da leitura que faz da realidade, à luz da história da economia, das teorias económicas e das práticas com resultados conhecidos e avaliados.
É oportuno perguntar por que os economistas da Universidade de Coimbra, que contradiz as teorias económicas dos situacionistas, de antes e de agora, não são convidados tantas vezes quanto os outros comentadores para as TVs, que só reproduzem cassetes piratas?
Eu próprio, impreparado, já disse várias vezes que o corolário “não havia dinheiro para pagar pensões e salários aos funcionários públicos” era o papão para nos aplicarem a “teoria do choque “ e sustentarem a ideia da INEVITABILIDADE. E mais convencido fiquei de que assim era, quando vi o que se passou na última ajuda à Grécia, em que dos 130.000 milhões de euros disponibilizados, 52.000 milhões foram para os Credores estrangeiros, 29.900 milhões para a Banca grega, 23.400 milhões para o BCE e APENAS 24.700 milhões para o Governo da Grécia, não restam dúvidas de que a pistola apontada ao caloteiro era de plástico. E ficamos mais convencidos com esta tese, quando ouvimos o líder grego (de esquerda e não situacionista), Tsipras, dizer que se a Grécia perder financiamento europeu deixará de cumprir as obrigações com os seus credores, mas ficará com dinheiro para pagar aos trabalhadores e reformados.
Quando agora, alguém com trunfos na manga, vem dizer claramente que o “não havia dinheiro para pagar pensões e salários aos funcionários públicos” é mentira, mais me convenço de que não passa de uma falácia manipuladora para nos meterem a mão aos bolsos…
Quando há pouco no Parlamento se debatia a urgência da renegociação da dívida pública portuguesa e foi afirmado por deputados da oposição, que no fim de um ano de “ajuda” da troika o montante da dívida seria maior do que há um ano atrás (quando era INEVITÁVEL pedir dinheiro para pagar aos Funcionários Públicos e Reformados) e tendo havido confisco e abaixamento de salários aos funcionários Públicos e Reformados, somos obrigados a perguntar-mos para onde ou para quem foi então o dinheiro?
Não há dúvidas de que nos andam a dar música e porque o CD está deteriorado, adormecemos com a cadência do ruído infernal…

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