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domingo, 17 de outubro de 2010

O princípio dos vasos (não) comunicantes

A desigualdade entre pobres e ricos no Brasil tem caído nos últimos anos, mas, segundo a economista Sônia Rocha, o facto está longe de ser efeito de uma política redistributiva deliberada.
A autora dos livros “O Brasil Dividido – Espacialização Alternativa” e “Pobreza e Pobreza no Brasil”, pergunta: afinal, de que se trata? Os estratos mais ricos da população não foram beneficiados com políticas específicas nos últimos anos. “São os mais pobres que estão a ganhar mais. Todos estão a ganhar, mas as pessoas mais qualificadas estão a beneficiar relativamente menos. O ganho delas é proporcionalmente menor ao que elas ganhavam antes”, justificando esta realidade como motivadora da diminuição da distância entre as diferentes classes.
Resumidamente, os estratos mais pobres foram mais beneficiados do que os segmentos mais ricos e escolarizados, com as políticas distributivas de ganho real do salário mínimo e pelas transferências de renda do programa Bolsa Família.
Em todo o lado, a riqueza produzida (por quem trabalha) é distribuída proporcionalmente à vontade de equilibrar o bem-estar dos cidadãos, dentro de critérios de justiça e de “igualdade”, dependendo dos critérios e do conceito de justiça e da vontade de igualizar, ou seja, da política.
No caso, o que se depreende é que do mesmo bolo, se cortou uma fatia para a classe baixa, outra para a classe média e falta saber o que sobrou para a classe alta e dominante, que normalmente não abre mão do tamanho da sua. Fica-se a saber que os mais pobres ficaram mais “ricos” e que os mais “ricos” ficaram menos ricos.
A aceitar o raciocínio (sem mais dados) somos levados a pensar que foi por acaso o que aconteceu, mas para quem está de fora, mas por dentro das políticas percebe-se que houve intenção e boa. Era bom que se espalhasse a vontade e os critérios, para que não fosse preciso um Dia Internacional para a Erradicação de Pobreza.

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